
Laboratório de Estudos Inventivos em Tecnologia Assistiva alia acessibilidade e inovação
O grupo de pesquisa e desenvolvimento da Universidade Federal de Goiás, Lab EITA, produz tecnologias assistivas acessíveis e sustentáveis para a população
Texto: Maria Eduarda Silva
O Laboratório de Estudos Inventivos em Tecnologia Assistiva (Lab EITA), da Universidade Federal de Goiás (UFG), é uma iniciativa que reúne estudantes de Fisioterapia, Design, Design de Produtos, Design de Moda e profissionais das áreas de Fisioterapia, Arquitetura, Engenharia e Terapia Ocupacional. Criado com o intuito de desenvolver tecnologias assistivas acessíveis, o laboratório utiliza, principalmente, a impressão 3D, modelagem digital e a fresagem no desenvolvimento dos produtos.
Mas o que são tecnologias assistivas?
As tecnologias assistivas são dispositivos, produtos, recursos, equipamentos, práticas e serviços que buscam promover a funcionalidade relacionada a atividades e à participação de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Dessa forma, as tecnologias assistivas buscam possibilitar uma maior qualidade de vida e inclusão social para essas pessoas.
Nesse sentido, o Lab EITA decidiu inovar ao juntar a acessibilidade e a sustentabilidade através do desenvolvimento de cadeiras de rodas confeccionadas a partir de tampinhas plásticas. De acordo com Bárbara Bernardelli, estudante de Fisioterapia e integrante do laboratório, o grupo já estava em fase de desenvolvimento e entrega de cadeiras de rodas infantis, confeccionadas em MDF:
“Percebemos que aumentar a resistência seria fundamental, e o plástico se mostrou um material ideal para essa evolução. As tampinhas plásticas, que são facilmente coletadas em campanhas de arrecadação, passaram a ser reaproveitadas como matéria - prima para a confecção das cadeiras de rodas infantis”, explica.
Para o desenvolvimento das cadeiras, é feita uma triagem e limpeza das tampinhas, que são trituradas e fundidas, para a produção de peças estruturais. Depois, essas peças são unidas ao restante da estrutura, garantindo resistência, funcionalidade e um baixo custo. O resultado é um produto inclusivo e inovador.
As cadeiras de rodas produzidas pelo laboratório são destinadas, principalmente, às crianças acompanhadas no laboratório, por demandas das famílias ou parcerias institucionais. A prioridade é atender famílias em vulnerabilidade social e, por isso, os produtos são doados sem nenhum tipo de custo.
Capacitação
Para a produção das cadeiras de rodas e outras tecnologias desenvolvidas no Lab Eita, a capacitação dos estudantes é de extrema importância. De acordo com a estudante Bárbara, esse processo ocorre de forma colaborativa.
“Cada integrante ensina o que domina, de modo que todos aprendem um pouco sobre as diferentes etapas de produção. Ao mesmo tempo, cada estudante se aprofunda mais na área relacionada à sua formação, criando uma troca interdisciplinar”, comenta.

O laboratório ainda oferece oficinas e cursos que visam capacitar os integrantes. A capacitação mais recente contou com 60 vagas e ensinou participantes a desenvolverem tecnologias assistivas, utilizando os mesmos processos aplicados internamente.
Impacto social e reconhecimento
Além da iniciativa inovadora das cadeiras de rodas, o laboratório atua no desenvolvimento de outras soluções que aliam o baixo custo e a acessibilidade à produção sustentável. O grupo já realizou projetos personalizados para demandas específicas e também já participou de feiras e eventos de divulgação científica, nos quais receberam prêmios de inovação e reconhecimento como política de inovação no setor público, além da oferta de capacitação abertas à comunidade sobre desenvolvimento de tecnologias assistivas.

A relevância do projeto está em, principalmente, ajudar diretamente famílias em vulnerabilidade social, que geralmente não possuem condições de adquirir dispositivos comerciais. Além disso, contribui para o fomento de políticas públicas efetivas no campo das tecnologias assistivas.
Infelizmente, a demanda crescente de produtos não condiz com a realidade de aquisição dos materiais, que geralmente são de difícil acesso na universidade. Além disso, a rotina acadêmica, dos professores e estudantes, dificulta a dedicação plena ao projeto.
Apesar desse cenário, o grupo oferta produtos de extrema importância à população de maneira acessível e aliada a práticas sustentáveis.
Conheça mais sobre o laboratório no Instagram @lab.eita
*Maria Eduarda Silva é bolsista de jornalismo no projeto IPTSP Comunica e é supervisionada pela jornalista Marina Sousa.
Fonte: Comissão de Comunicação do IPTSP
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