
Egressos da UFG compartilham experiências profissionais durante o III Simpósio de Biotecnologia (Biotec S!M)
Os ex- estudantes do curso compartilharam sua trajetória e responderam dúvidas durante mesa redonda com o tema “Construindo Carreiras com a Biotecnologia”
Texto e fotos: Maria Eduarda Silva
Durante o último dia do Biotec S!M, que aconteceu durante os dias 27 e 30 de junho, alguns egressos foram convidados a compartilharem suas experiências profissionais. O evento, que reúne estudantes, profissionais e pesquisadores da área de Biotecnologia, comemorou os 15 anos de criação do curso e na sua última etapa, no dia 30 de junho, foi celebrado o Dia do Biotecnologista.
Para honrar os profissionais da área em grande estilo, ex - estudantes do curso falaram sobre suas experiências fora dos muros da faculdade. O momento contou com a participação de Alexandre Toshihiro Matugawa e Dhiogo Neres Carreira, da AgBiTech Brasil, Aline Menegat de Araújo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão, Paulo Hernandes Marques Palmeira, CEO da InsilicAll e Iara Mendes Maciel, CEO da Nanoterra. As apresentações e a roda de conversa foram mediadas pelo professor Leandro Martins Santana, doutor em Bioquímica e professor no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), no setor de Biotecnologia.
A egressa Iara Mendes Maciel, contou que sua trajetória da graduação até aqui foi longa. Ela fez parte da primeira turma de Biotecnologia, há 15 anos, e fez iniciações científicas, estágios e pesquisas em diversas áreas. Desde que se formou, sabia que queria transformar o mundo, mas não sabia como. Até que, numa manhã de domingo, sua mãe estava assistindo ao Programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios e mostrou uma empresa de cosméticos, em São Paulo, que trabalhava com peles mais maduras.
Desde então, começou a estudar mais sobre a área e o mercado da saúde, e viu uma chance de investimento. Naquele momento, havia uma tendência crescente de produtos naturais, e Iara buscava associar isso ao desempenho de alta performance. Foi assim que passou meses estudando a possibilidade de desenvolver cosméticos à base de açafrão, produto tipicamente utilizado em alimentos no estado de Goiás, com propriedades antioxidantes, cicatrizantes, anti inflamatórias, entre outras.

Em 2015, entrou no Programa de Pós- Graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro, no IPTSP/UFG, orientada pelo professor André Amaral, com o desenvolvimento do mestrado na área de nanotecnologia. No doutorado, desenvolveu pesquisa na área de cosmetologia, pois tinha a ideia de uma empresa de cosméticos. Porém, após analisar o mercado, em 2022, decidiu seguir na área de desenvolvimento de nanoativos sustentáveis, quando surgiu a Nanoterra como é hoje.
A Nanoterra é uma startup especializada em produtos e serviços para a cadeia de cosméticos, desenvolvendo nanoativos veganos e sustentáveis a partir de ativos produzidos de forma sustentável no Brasil. A empresa busca a biodiversidade brasileira por meio da nanobiotecnologia sustentável.
Em seguida, os egressos Alexandre Toshihiro Matugawa e Dhiogo Neres Carreira, que atualmente ocupam a posição de analistas de pesquisa na AgBiTech, uma empresa de produtos microbiológicos para controle de pragas em lavouras, visando uma agricultura viável.
“A AgBiTech é uma empresa de biotecnologia que tem origem na Austrália, em 2002, que por alguns surtos de Helicoverpa armigera, nosso fundador começou a fazer pesquisa com biotecnologias para tratar esse surto, porque os métodos químicos para controle de praga não estavam surtindo tanto efeito e eram danosos para a lavoura”, conta Dhiogo Neres Carreira.

A empresa produz inseticidas biológicos amplamente utilizados por diferentes tipos de agricultores, do familiar ao empresarial, do orgânico ao convencional, e também é líder no biocontrole para lagartas na cultura de soja, milho e algodão.
O ex estudante Alexandre Toshihiro Matugawa conta que ele e Dhiogo fizeram, respectivamente, iniciação tecnológica e iniciação científica no Laboratório de Patologia de Invertebrados (LPI), do IPTSP, sob orientação do professor Éverton Kort, do Setor de Parasitologia.
“Toda essa experiência na iniciação científica e no laboratório foram muito importantes porque aprendemos a lidar com o dia a dia no laboratório, pipetagem, trabalhar em ambiente estéril. E tivemos toda essa formação, publicamos artigo e participamos de congressos, então essa experiência foi muito importante”, destaca Alexandre.

A mestre em Genética e Biologia Molecular pela UFG, Aline Menegat de Araújo, da Embrapa Arroz e Feijão, também destacou a importância da iniciação científica durante a graduação. Ela conta que, durante a graduação, fez iniciação científica na área de genética, e depois passou a trabalhar com melhoramento genético, dentro da área de agronomia, e ressalta a importância de conhecer mesmo as áreas que não tem muita afinidade, pois todos conhecimentos são úteis.
No mestrado, atuou na área da biologia e genética, com foco na bioinformática genômica. A biotecnologista estimava trabalhar com algo aplicado, em que pudesse utilizar seu conhecimento teórico e auxiliar a solucionar problemas e, por isso, entrou na Embrapa, empresa voltada para viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para sustentabilidade da agricultura em benefício da sociedade brasileira.

“O curso de biotecnologia prepara a gente para muitas áreas que queiramos trabalhar; eu trabalhava com plantas, mas tive contato com microbiologia durante o curso. A gente tem disciplinas práticas e contato com essa parte de microbiologia, com bactérias, vírus e fungos. Acho que foi um diferencial pra mim”, relata.
Por fim, o egresso Paulo Hernandes Marques Palmeira, co - fundador da InsilicAll, deeptch focada no desenvolvimento de novas abordagens e soluções científicas para Toxicologia Regulatória e Inovação em Medicamentos. Ele contou que, durante a graduação, integrou projetos de inovação e foi finalista em duas edições das Olimpíadas de Empreendedorismo para Universitários Goianos, além de integrar outras startups, como a Bioplace, premiada em segundo lugar na Bio Start Up Lab e finalista do Inovativa Brasil.
Na época, um novo hub de inovação para a área de biotecnologia surgiu em Minas Gerais, o BiotechTown, em que submeteu a proposta da InsilicAll e o projeto foi aprovado. Nesse período, a empresa recebeu investimentos e Paulo e Rodolfo Braga, co-fundador, fizeram um ano de treinamento. Em 2021, receberam uma segunda rodada de investimentos e receberam, também, um profissional da área da gestão, com experiência na indústria farmacêutica. Assim se iniciou a trajetória da empresa, contando com apoio e empresários fornecendo serviços.

De acordo com ele, a empresa desenvolve soluções científicas para a indústria farmacêutica. “A gente atua principalmente com demandas de relatórios toxicológicos. Prestamos serviços de consultoria, fazendo toda a parte de avaliação toxicológica e segurança regulatória, e essa documentação é encaminhada para a Anvisa, ou a gente faz o licenciamento das nossas tecnologias e o treinamento para que as indústrias façam internamente”, explica.
Depois das palestras, os egressos foram convidados a uma roda de conversa, em que esclareceram dúvidas e incentivaram os alunos a desenvolverem projetos e tomarem iniciativas próprias durante o percurso da graduação.
*Maria Eduarda Silva é bolsista de jornalismo no projeto IPTSP Comunica e é supervisionada pela jornalista Marina Sousa.
Fonte: Comissão de Comunicação do IPTSP
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