
Nova espécie de fungo é descoberta na Mata Atlântica e homenageia o presidente Lula
Pesquisa é orientada por docente do IPTSP/UFG em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco
Texto: Marina Sousa
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) revelou a descoberta de uma nova espécie de fungo endofítico, encontrada na Mata Atlântica. Nomeada Muyocopron lulasilvae, a espécie integra a rica biodiversidade de microrganismos associados às folhas de Miconia sp. e foi descrita em artigo publicado na revista científica Acta Botanica Brasilica.
Coordenada pelo professor Jadson Bezerra, do Laboratório de Micologia (Labmicol) do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG) e pela professora Cristina Souza-Motta do Departamento de Micologia (UFPE), a pesquisa integra o trabalho da doutora Layanne de Oliveira Ferro, do Departamento de Micologia Prof. Chaves Batista da UFPE, atualmente pesquisadora de pós-doutorado júnior (CNPq) vinculada a UFPE com colaboração no IPTSP/UFG. A nova espécie foi identificada a partir de amostras coletadas na Reserva Biológica de Pedra Talhada, em Quebrangulo (AL), área próxima a Caetés (PE), município natal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja trajetória inspirou a escolha do nome científico da espécie.
Segundo os pesquisadores, a homenagem ao presidente Lula é um gesto simbólico de reconhecimento pela sua atuação histórica em prol da educação, ciência e tecnologia no Brasil. “É uma forma de agradecer ao presidente que mais investiu e segue investindo, nesses pilares fundamentais para o desenvolvimento do país”, afirma Layanne Ferro.
Descoberta científica e biodiversidade ainda inexplorada
A pesquisadora explica que a descoberta do Muyocopron lulasilvae não foi exatamente por acaso. Ela é resultado de um protocolo científico rigoroso voltado ao estudo de fungos endofíticos, microrganismos que vivem dentro de tecidos vegetais, sem causar danos aparentes à planta hospedeira.

Muyocopron lulasilave, (espécie de fungo endofítico isolada de planta em área de Mata Atlântica) homenageia o atual presidente da república. Na foto podemos observar estruturas de reprodução assexuada de M. lulasilvae como células conidiogênicas e conídios, em uma escala de dez micrômetros.
A pesquisa começou com a coleta de folhas de Miconia sp. na Mata Atlântica. Em laboratório, fragmentos das folhas foram cultivados em meios específicos, permitindo o crescimento dos fungos presentes. As colônias com características distintas foram isoladas e analisadas por métodos morfológicos e moleculares. “A identificação precisa das espécies só é possível com análise genética, que nos permite construir árvores filogenéticas, como genealogias, mostrando quais fungos são próximos ou distintos entre si”, explica a pesquisadora de fungos Layanne de Oliveira.

Localização geográfica da Reserva Biológica de Pedra Talhada, Mata Atlântica, Brasil (A), vista da área principal da região estudada (B-C) e detalhes da Miconia mirabilis (D).
Foi assim que os pesquisadores identificaram dois isolados pertencentes ao gênero Muyocopron, mas diferentes de todas as espécies conhecidas até então. A partir dessas evidências, a equipe propôs formalmente a descrição da nova espécie, seguindo todos os critérios taxonômicos, desde a análise genética até a descrição detalhada das estruturas microscópicas do fungo.
Embora a espécie já esteja oficialmente descrita, a pesquisadora ressalta que ainda há espaço para investigações futuras, especialmente quanto ao potencial biotecnológico do novo fungo. Além disso, o achado reforça uma realidade científica importante: a diversidade fúngica no planeta é imensa e ainda amplamente desconhecida.
“Estima-se que existam entre 2,5 a 3 milhões de espécies de fungos no mundo, mas apenas cerca de 150 mil foram descritas. Isso representa menos de 10% do total. Por isso, sempre que trabalhamos com fungos endofíticos ou de solo, é muito comum encontrarmos espécies novas”, destaca.
O estudo contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Ciência, conservação e reconhecimento
A professora Cristina Motta (UFPE), coautora do estudo, lembra que a descoberta também chama atenção para a necessidade urgente de proteger ecossistemas ameaçados, como a Mata Atlântica. “Esse tipo de pesquisa contribui para o entendimento da biodiversidade local e global, além de reforçar a importância da preservação frente aos altos índices de desmatamento no Brasil, e que as espécies que ainda não foram descobertas terão a chance de serem descritas ”, afirma a professora.
A descoberta do Muyocopron lulasilvae poderá ser lembrada durante o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que acontece na Universidade Federal de Goiás. O evento contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (17), no Centro de Eventos Professor Elias Bufaiçal. A pesquisadora Layanne intenciona entregar, se possível, uma cópia do artigo científico ao presidente, como um gesto simbólico em defesa da valorização da ciência brasileira e do investimento público em pesquisa e educação
Fonte: Comissão de Comunicação do IPTSP
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