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Estudantes de Fisioterapia promovem atividade de formação sobre transtornos de neurodesenvolvimento

Em 01/07/25 17:03. Atualizada em 02/07/25 09:21.

Discentes da UFG realizaram rodas de conversa e atividades lúdicas com profissionais da educação básica no CMEI Cecília Meireles 

Texto: Maria Eduarda Silva

A atividade faz parte de uma ação de extensão da disciplina Saúde da Criança e do Adolescente, do curso de Fisioterapia na UFG. Os estudantes, que estão no 5º período do curso, promoveram uma roda de conversa com as professoras no CMEI Cecília Meireles, em que discutiram sobre sinais de alerta no desenvolvimento e transtornos de neurodesenvolvimento, como o TDAH, o autismo e o transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC). 

Após o diálogo, cada grupo levou atividades práticas para que as professoras pudessem ter ferramentas para trabalhar de forma integrada com todas as crianças, especialmente aquelas com alterações motoras e cognitivas. Os brinquedos e as brincadeiras foram desenvolvidas com elementos de baixo custo, estimulando o lúdico nas crianças de maneira criativa. 

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Estudante Luiza Amazona apresentado brinquedo de baixo custo às professoras do CMEI (Foto: Arquivo pessoal)

 

De acordo com a discente Luiza Amazona, que esteve presente na oficina, cada grupo levou atividades voltadas para a motricidade fina - coordenação motora relacionada a movimentos pequenos e precisos dos músculos, envolvendo articulações dos ombros, pulsos, mãos e dedos - e motricidade grossa - coordenação motora relacionada a movimentos mais amplos, que envolvem força, geralmente ligados a grandes músculos das pernas e dos braços. 

Assim, foram apresentadas brincadeiras como amarelinha, que estimula a coordenação das pernas e dos braços, além de estimular o raciocínio e o planejamento da ação, e outros jogos de baixo custo, que buscam incluir crianças neurotípicas e neurodivergentes, como aquelas que apresentam Transtorno do Espectro Autista, TDAH, síndrome de Down ou paralisia cerebral.

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Brincadeira de amarelinha desenvolvida por estudantes de Fisioterapia (Foto: Arquivo pessoal)

 

A ação de extensão está vinculada à Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, e é a primeira vez em que é voltada para as profissionais de educação. A atividade busca promover a inclusão dentro das escolas regulares, como ressalta a professora Nayara Rodrigues Gomes de Oliveira, coordenadora do projeto: 

“Não existe um suporte na maioria das escolas para essa inclusão. As escolas recebem crianças com diversas alterações, mas os professores não têm uma formação para incluí-las em atividades, ou entender sinais de alerta de que aquela criança precisa de ajuda”, pontua. 

A professora ainda ressalta a importância de agregar o conhecimento dos profissionais de saúde aos profissionais da educação, alertando sobre os sinais de alerta para transtornos de neurodesenvolvimento ou de atraso motor. 

“Os educadores são uma ponte para nós da saúde; são eles que identificam  primeiro, porque as crianças passam a maior parte do dia com eles. Se os professores conseguem identificar esses sinais, isso possibilita que a criança tenha um diagnóstico precoce, uma intervenção precoce”, complementa. 

A estudante Luiza Amazona também ressalta a importância da atividade como troca de conhecimentos e práticas entre o corpo acadêmico e a comunidade externa:

“É através dessas atividades de extensão que vemos na prática como as coisas funcionam, como é a realidade daquela população com a qual eu vou trabalhar futuramente, é uma oportunidade de conhecer um pouco de um dos vários campos de trabalho que a Fisioterapia oferece”. 

Ela também ressalta que essa é uma oportunidade para colocar em prática tudo aquilo que aprende em sala de aula e, principalmente, de adaptar o seu conhecimento à realidade da população com a qual está trabalhando. 

 

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Discentes do 5º período de Fisioterapia na UFG em atividade com professoras do CMEI Cecília Meireles (Foto: Arquivo pessoal)

 

Transtornos de neurodesenvolvimento 

Os distúrbios de neurodesenvolvimento são problemas neurológicos relacionados à dificuldade em adquirir, reter ou aplicar habilidades ou conjuntos de informações específicas. Eles podem envolver disfunção da atenção, da memória, da percepção, da linguagem, solução de problemas ou interações sociais.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um desses tipos de transtornos, e afeta entre 8% a 11% das crianças em idade escolar, sendo duas vezes mais comum em crianças do sexo masculino, segundo dados do Instituto Paranaense de Terapias Cognitivas. 

Já o Transtorno do Espectro Autista é outro tipo de distúrbio de neurodesenvolvimento, no qual os pacientes podem apresentar dificuldade em desenvolver relacionamentos sociais padrões e comprometimento com a linguagem, além de se sentirem sobrecarregadas por estímulos auditivos e visuais. 

Fisioterapia em Cena 

A fisioterapia é uma ferramenta fundamental para o tratamento de transtornos de neurodesenvolvimento e de déficit motor. Em pacientes com transtorno do Espectro Autista, por exemplo, a fisioterapia pode contribuir para o desenvolvimento motor, ativação de áreas da concentração e integração social. O fisioterapeuta tem papel primordial no tratamento das alterações motoras nos transtornos do espectro autista e prevenção de agravos dessas pessoas, o que interfere positivamente no desenvolvimento e melhora da qualidade de vida, permitindo ao indivíduo melhores respostas adaptativas ao seu ambiente. 

Indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade também podem se beneficiar do tratamento com a fisioterapia, ao apoiar, desenvolver e melhorar quaisquer dificuldades físicas ou motoras. 

A fisioterapia pode ser uma aliada importante à inclusão de crianças neurodivergentes desde a escola, como a ação desenvolvida no CMEI para os profissionais da educação, e também uma ferramenta para o tratamento desses transtornos a partir de práticas corporais especializadas. 

guia do desenvolvimento neuropsicomotor
Guia de desenvolvimento neuropsicomotor

 

 

*Maria Eduarda Silva é bolsista de jornalismo no projeto IPTSP Comunica e é supervisionada pela jornalista Marina Sousa.

 

Fonte: Comissão de Comunicação do IPTSP

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