
IPTSP NA MÍDIA - Professores do IPTSP/UFG participam de podcast da Rádio Novelo Apresenta
Jadson Bezerra e Éverton Kort compartilham conhecimentos e suas experiências com fungos
Texto: Maria Eduarda da Silva
No mês de março, os professores Jadson Bezerra e Éverton Kort, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, participaram de um episódio da Rádio Novelo, a maior produtora de podcasts jornalísticos do país, criada em 2019 e apresentada por Branca Vianna. No episódio 122, intitulado “Pense pequeno”, o professor Jadson é convidado a contar um pouco sobre sua história com os fungos, e como sua pesquisa em cavernas começou.
“A relação do Jadson com as cavernas começou quando ele se juntou a um grupo de pesquisadores que está trabalhando com órgãos federais para verificar a segurança de certas cavernas – basicamente para ver se não tinha ali nenhum fungo ou outro microorganismo que poderia ser perigoso para quem entra nelas, seja para turistar, ou para pesquisar, ou monitorar”, conta a entrevistadora Sarah Azoubel. A primeira caverna visitada por ele e seu grupo de pesquisa foi a Lapa do Boqueirão, que fica em uma fazenda no interior do estado de Goiás. Após conseguirem autorização do dono, o grupo partiu em uma trilha que cruza o cerrado até a boca da caverna.

Jadson conta que, após passarem pelo labirinto dentro da caverna, entre labirintos e rastejos, os membros do grupo conseguiram deixar as placas de petri com meios de cultura - placas de vidro ou plástico voltadas para o cultivo de microrganismos - expostas ao ar e solo da caverna. A descoberta que se sucedeu a essa viagem à Lapa do Boqueirão, e a outras cavernas não era algo esperado. “Às vezes a gente acessa uma caverna, uma única caverna, com uma única expedição científica, e a gente descreve aí 30, 40 novas espécies em uma única caverna”, conta Jadson Bezerra.
Depois disso, seu foco se tornou conhecer a diversidade dos fungos do Cerrado, bioma predominante no estado de Goiás e com maior número de cavernas. Além de conhecer a biodiversidade, busca explorar o potencial biotecnológico dos fungos. “Normalmente, nesse solo das cavernas, a gente tem encontrado muitos fungos que popularmente são utilizados como controle biológico [...] O controle biológico trabalha com equilíbrio. Aquilo que não era praga, agora tornou-se praga. Então como é que eu vou ajudar a voltar a esse equilíbrio? Os fungos ajudam a minimizar essa população daquilo que é uma praga para aquela monocultura”.
A entrevistadora, Sarah, reitera a importância do controle biológico, uma vez que pode ser uma alternativa aos agrotóxicos e que, quando bem utilizado, é uma técnica que costuma ser mais específica e gentil com o meio ambiente e com a nossa saúde. “Se a gente tem esse esse inimigo natural dos patógenos, a gente minimiza o uso de agroquímicos para que a gente tenha alimentos sempre da melhor qualidade possível”.
Um dos parceiros do professor Jadson, Éverton Kort Kamp Fernandes, também do IPTSP, falou sobre sua atual pesquisa com fungos de cavernas, que estão sendo testados contra artrópodes como carrapatos, insetos que causam doenças e até o mosquito da dengue.

O professor Éverton explica que, quando o conídio — um tipo de esporo do fungo que serve para sua reprodução e espalhamento — entra em contato com a parte da perna do carrapato chamada artícula, ele começa a germinar. Nesse processo, o fungo forma uma estrutura parecida com um grampo, que atravessa a camada externa do corpo do carrapato (a cutícula) e penetra em seu interior.
“Ganhando a cavidade, esse fungo naturalmente está buscando nutriente, então ele vai consumir água e nutrientes que tem no artrópode e vai, naturalmente, invadir órgãos vitais. Nesse processo, ele também abre portas para outros tipos de infecção, porque a cutícula é uma barreira, uma barreira física e uma barreira química também contra microorganismos que estão no ambiente. Então, quando ele rompe essa cutícula, ele também abre portas para que outros agentes causem infecção também”, explica.
A entrevista demonstrou que o Brasil apresenta um avanço em relação ao uso de bioprodutos, com a inclusão de microrganismos para o enriquecimento do solo e para o controle biológico. Para além dos exemplos já citados, o professor Jadson cita os fungos Metarhizium anisopliae, utilizados no controle biológico da cigarrinha da cana de açúcar e Cordyceps javanica, utilizado no controle biológico da mosca branca da soja.
Apesar desse avanço, o uso de agrotóxicos ainda domina o controle de pragas nas práticas agrícolas. Ao final da entrevista, a repórter relembrou uma conversa anterior com o professor Jadson, em um momento que parte da Amazônia e do Cerrado estavam em chamas, episódio que o fez retomar a importância da preservação da biodiversidade:
“E a gente precisa se preocupar com a perda da diversidade de fungos, porque as mudanças antrópicas que estão acontecendo, sendo aceleradas ou não pelas mudanças climáticas globais, vão trazer danos severos. E nós sabemos que a diversidade de plantas está sendo reduzida, a diversidade de animais está sendo reduzida, mas nós ainda falamos pouco sobre a redução da diversidade dos microrganismos”, finaliza Bezerra.
Não deixe de conferir o episódio completo por aqui.
*Maria Eduarda Silva é bolsista de jornalismo no projeto IPTSP Comunica e é supervisionada pela jornalista Marina Sousa.
Fonte: Comissão de Comunicação do IPTSP
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