Conheça o UniChagas: Projeto para Combate e Conscientização sobre a Doença de Chagas

Texto e foto: Marina Sousa | Arte: Mailson Diaz

O Projeto à Universidade no enfrentamento da doença de Chagas (UniChagas) é uma iniciativa inovadora voltada para a disseminação de informação e combate à doença de Chagas, um dos mais graves problemas de saúde pública na América Latina. O projeto que é coordenado pelo pesquisador, José Rodrigues do Carmo, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), pretende envolver a comunidade acadêmica e a população em geral na prevenção e controle da doença, ampliando assim o acesso à testagem e orientação médica.

Objetivos do Projeto

O UniChagas tem como objetivo geral disseminar informações sobre a doença de Chagas, abrangendo sua biologia, transmissão, diagnóstico e tratamento. Além disso, busca oferecer testagem gratuita para a doença na cidade de Goiânia e no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG). O projeto também conta com a colaboração da biomédica, Liliane da Rocha, responsável pelo Programa de Doença de Chagas da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), ela também integra o Laboratório de Pesquisa da Doença de Chagas do Hospital das Clínicas (HC-UFG/Ebserh), há ainda a colaboração  professora do IPTSP,  Ana Maria de Castro do Departamento  de Biociências e Tecnologia (DEBIOTEC) - Parasitologia e demais pesquisadores do instituto.

De acordo com José Rodrigues um dos primeiros passos para a concretização do projeto foi buscar parcerias com a SES-GO, para que pudessem visar ações com o objetivo de disseminar informações a respeito da doença, com o intuito de auxiliar na eliminação ou controle da transmissão da doença de Chagas.

"No início das nossas reuniões, discutimos diversas medidas para enfrentar a doença de Chagas e tornar esse tema mais presente tanto nas unidades básicas de saúde quanto no ambiente universitário e para a população em geral. Percebemos que não havia iniciativas voltadas especificamente para essa questão, e muitos alunos, por exemplo, desconheciam a importância de estudar a doença. Muitos acreditam, erroneamente, que a doença de Chagas já não era uma preocupação atual”. Ele complementa que se os estudantes, principalmente os da área da saúde, compreendessem a relevância desse tema, poderiam levar esse conhecimento para suas famílias e comunidades. Muitas pessoas, como idosos e crianças, nunca foram testadas, e a doença pode permanecer assintomática por anos. Por isso, a testagem é fundamental, especialmente entre mulheres em idade fértil e idosos, pois permite a identificação precoce e o encaminhamento para o tratamento adequado. ‘Nosso objetivo é obter um panorama real da doença em Goiânia e ampliar o acesso ao diagnóstico”, ressalta o pesquisador.

Entre os objetivos específicos do projeto, destacam-se:

• Realização de eventos acadêmicos na UFG sobre a doença de Chagas
• Promoção de palestras e atividades educativas em escolas públicas e particulares;
• Campanhas de conscientização em parques e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs);
• Estabelecimento de testagem sorológica para doença de Chagas em grupos estratégicos;
• Direcionamento de indivíduos diagnosticados para tratamento adequado no sistema de saúde pública.

A Importância da Ação

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é uma doença tropical negligenciada, afetando milhões de pessoas na América Latina, incluindo cerca de 4,6 milhões de brasileiros. A doença pode ser fatal se não tratada adequadamente, e estima-se que menos de 10% dos infectados tenham conhecimento da infecção. Casos recentes demonstram um aumento na transmissão por consumo de alimentos contaminados, como o açaí, além da persistência da transmissão vetorial e vertical (de mãe para filho). 

Muitas pessoas acreditam que, pelo fato de estarem em uma região metropolitana sem casas de pau a pique, por exemplo, o vetor não está presente. No entanto, especialistas alertam que o barbeiro (como é popularmente conhecido) ainda circula e que, devido à urbanização e ao desmatamento, esses vetores acabam entrando nas residências. Embora a transmissão vetorial seja baixa, ainda existem barbeiros infectados com um perfil mais domiciliar. Além disso, aponta-se que há a transmissão vertical, que acontece da mãe grávida para o feto, e que, apesar de rara, pode ocorrer. Por isso, é essencial identificar quem são as pessoas infectadas para garantir o tratamento adequado e impedir a transmissão para futuras gerações. “O UniChagas pretende ajudar a reduzir esses números ao promover informação de qualidade e oferecer suporte para a população", explica Liliane Rocha.

Primeira Ação: Simpósio Estadual sobre Doença de Chagas

Como atividade inaugural, o UniChagas promoverá em breve o 1º Simpósio de Doença de Chagas do Estado de Goiás, evento reunirá especialistas, representantes do Ministério da Saúde, pesquisadores e associações de portadores da doença, visando debater estratégias e avanços no controle da enfermidade.

Envolvimento Acadêmico e Científico

O UniChagas conta com o apoio da SES-GO e do Ministério da Saúde, além da colaboração de pesquisadores e especialistas, entre os quais destacam-se:

• Dr. José Rodrigues do Carmo Neto (IPTSP/UFG);
• Profª. Dra. Ana Maria de Castro (IPTSP/UFG);
• Prof. Dr. Alejandro Luquetti Ostermayer (IPTSP/UFG);
• Prof. Dr. Milton Adriano Pelli de Oliveira (IPTSP/UFG);
• Prof. Dr. Helioswilton Sales de Campos (IPTSP/UFG);
• Profª. Dra. Marcelle Figueira Marques da Silva Sales (IPTSP/UFG);
• Profª. Dra. Adelair Helena dos Santos
• Prof. Dr. Juscelino Rodrigues Filho
• Profª. Dra. Viviane Zeringóta Rodrigues Cotta 
• Prof. Dr. Leonardo Martins Santana
• Prof. Dr. Ildercílio Mota de Souza Lima
• Prof. Dr. Éverton Kort Kamp Fernandes
• Profª. Dra. Mara Rúbia Nunes Celes
• Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública (PPGMTSP/IPTSP/UFG);
• Entre outros pesquisadores e profissionais de saúde pública.

Impacto Esperado

A expectativa é que o UniChagas fortaleça o combate à doença de Chagas por meio da educação, prevenção e diagnóstico precoce. Com uma abordagem ampla e inclusiva, o projeto pretende sensibilizar a população, incentivar a identificação e tratamento precoce e contribuir para a erradicação da transmissão vertical da doença em Goiás. A UniChagas representa mais um passo no compromisso com a saúde pública, reforçando o papel da universidade como protagonista no desenvolvimento de soluções científicas e sociais para problemas de grande impacto na sociedade.