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Estudo revela novas espécies de fungos endofíticos em biomas brasileiros e homenageia a UFG e Cora Coralina

On 12/10/24 11:57 . Updated at 12/10/24 15:09 .

Sete novas espécies de Diaporthe foram catalogadas pelos pesquisadores

Texto e foto: Marina Sousa
Arte: Mailson Diaz

Sete novas espécies do gênero Diaporthe foram descritas por um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Jadson Bezerra, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O estudo foi publicado na prestigiada revista Fungal Systematics and Evolution e revela importantes avanços na compreensão da taxonomia e ecologia dos fungos endofíticos, com foco em biomas brasileiros como a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga.

Novas espécies 

Entre as sete espécies descritas estão:

Diaporthe azevedoi,
D. catimbauensis,
D. coracoralinae,
D. luizorum,
D. pedratalhadensis,
D. samambaiaensise
D. vargemgrandensis;

Para a Dra. Layanne Ferro (UFPE), primeira autora do artigo, “o estudo de fungos endofíticos têm revelado uma diversidade surpreendente, com destaque para as novas espécies que apresentam um diferente panorama sobre a diversidade de fungos no Brasil, um conhecimento que ainda precisa ser explorado”.

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Imagem do fungo Diaporthe samambaiaensis

Homenagem

O Diaporthe samambaiaensis se destaca pois ela foi nomeada em homenagem ao Campus Samambaia da UFG, como parte da celebração dos 64 anos da Instituição. O fungo foi isolado pela primeira vez de uma planta medicinal, Brosimum gaudichaudii, mais conhecida como Mama-cadela, coletada nas imediações da Escola de Agronomia da Universidade. Um display com uma amostra do fungo foi entregue a reitoria da UFG, Angelita Pereira de Lima e ao vice-reitor Jesiel Freitas Carvalho, durante a solenidade do projeto UFG Memória Relatos, que aconteceu ontem, dia 9 de dezembro no Centro Cultural UFG (CCUFG).

Estudo revela novas espécies de fungos endofíticos em biomas brasileiros e homenageia a UFG  e Cora Coralina
Entrega do display Diaporthe samambaiaensis à reitoria da UFG


O professor Jadson Bezerra realizou a entrega acompanhado pelas discentes Camila Santana de Oliveira, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFG), e Tatiane Mendonça da Silva, mestranda do Programa de Pós-graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (PPGBRPH) no IPTSP/UFG. As pesquisas conduzidas pelo docente e sua equipe têm como foco o estudo de fungos do cerrado, resultando na descoberta de novas espécies. O professor adiantou que, em breve, serão publicadas mais descobertas, e algumas dessas espécies devem homenagear pesquisadores da universidade.

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Diversidade nos biomas brasileiros

Os pesquisadores analisaram 180 isolados de Diaporthe, provenientes de diferentes plantas hospedeiras, como Miconia sp., Anacardium occidentale (cajueiro) e Brosimum gaudichaudii (mama-cadela). As amostras foram coletadas em três biomas:

  • Mata Atlântica: Reconhecida como um hotspot global de biodiversidade.
  • Cerrado: Uma savana tropical com uma das maiores biodiversidades do planeta.
  • Caatinga: Um bioma semiárido com espécies adaptadas às suas diferentes condições climáticas e de grande biodiversidade.

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    D. vargemgrandensis é uma homenagem à Reserva Ecológica Vargem Grande, localizada nas proximidades da cidade de Pirenópolis, em Goiás. Trata-se de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), um modelo de unidade de conservação que garante a preservação permanente da área. Registrada em cartório e reconhecida pelo IBAMA, a reserva possui caráter perpétuo, assegurando sua proteção ambiental para as futuras gerações.





Principais descobertas

A pesquisa revelou aspectos essenciais sobre as espécies de Diaporthe:

  • Estilos de vida diversos: As espécies podem atuar como endófitos, patógenos ou são saprófitas, alternando entre essas funções de acordo com o ambiente.
  • Não seletividade de hospedeiros: As espécies foram encontradas em diferentes plantas e biomas, evidenciando sua adaptabilidade.
  • Importância dos endófitos: A inclusão de isolados endofíticos em análises filogenéticas ampliou o conhecimento sobre a distribuição geográfica e as relações entre as espécies do gênero.
  • Estimativa da diversidade de fungos: A descoberta aumentou o número da estimativa de espécies de fungos conhecidas e novas no Brasil.

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    Considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras, Cora Coralina nasceu na cidade de Goiás. Para homenagear a grande poetisa, que viveu de forma simples e exerceu a profissão de doceira, um fungo recém-descoberto recebeu seu nome - Diaporthe coracoralinae. Cora Coralina começou a escrever na adolescência, mas apenas aos 76 anos publicou seu primeiro livro, tornando-se um ícone da literatura brasileira e um exemplo de perseverança e talento.


Impacto e colaborações

“O estudo não apenas amplia o conhecimento sobre a diversidade de fungos no Brasil, mas também reforça a relevância de proteger e estudar nossos biomas, que são fontes de inestimável riqueza científica e ambiental”, destacou o professor Jadson Bezerra.

Além disso, a pesquisa contou com uma ampla rede de colaboração científica, incluindo instituições como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Beijing Forestry University (China) e Westerdijk Fungal Biodiversity Institute (Holanda).

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Nome dado em homenagem a Reserva Biológica de Pedra Talhada que é um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica do interior de Alagoas e Pernambuco.


Equipe de pesquisa:

  • Coordenação: Dr. Jadson Diogo Pereira Bezerra (IPTSP/UFG)
  • Dra. Cristina Maria de Souza-Motta (UFPE)
  • Dra. Layanne de Oliveira Ferro (UFPE)
  • Bel. Sandy dos Santos Nascimento (UFPE)
  • Bel. Tatiane Mendonça da Silva (IPTSP/UFG)
  • Camila Santana de Oliveira (ICB/UFG)
  • Dra. Laura Mesquita Paiva (IPTSP/UFG)
  • Dr. Pedro W. Crous (Westerdijk Fungal Biodiversity Institute)
  • Dr. Xinlei Fan (Beijing Forestry University)

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O Parque Nacional do Catimbau é um parque nacional brasileiro do estado de Pernambuco. A reserva possui uma grande diversidade de fauna e flora típicas da Caatinga, além de ser um importante sítio arqueológico com vestígios milenares preservados. A administração da unidade de conservação é responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).


Fomento e apoiadores

A pesquisa foi financiada por CNPq, CAPES e FAPEG, com o apoio da UFG e de instituições como UFPE, Beijing Forestry University e Westerdijk Fungal Biodiversity Institute. Essa pesquisa reafirma a posição do Brasil como um dos principais países para conservação da biodiversidade e realização de pesquisas científicas, além de destacar a importância das colaborações internacionais para o avanço do conhecimento no país.

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Homenagem dada ao pesquisador Dr. João Lúcio de Azevedo que iniciou sua  carreira científica com a criação do Setor de Genética de Microorganismos do Instituto de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP) desenvolvendo pesquisas com genética de fungos, voltadas à estabilização de linhagens de interesse agrícola e industrial e melhoramento genético de espécies, usadas no controle biológico de pragas agrícolas. Em 1990, iniciou uma linha de pesquisa sobre microorganismos endofíticos. Introduziu no Brasil, entre outras, as técnicas de fusão de protoplastos e utilização de processos parassexuais no melhoramento genético de fungos.

 

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D. luizorum é uma homenagem aos pais da pesquisadora Layanne Ferro, que expressa seu profundo orgulho pela família e sua gratidão pelo apoio incondicional recebido ao longo de sua trajetória. A pesquisadora ressalta que essa homenagem é uma forma de reconhecer e agradecer pela dedicação e incentivo que sempre recebeu de seu pai e sua mãe.



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Source: Comissão de Comunicação IPTSP

Categories: Notícias