
Novas perspectivas para o tratamento da Esporotricose
Docente do IPTSP Thales Domingos estuda novas abordagens para diagnóstico mais eficaz da micose nos animais domésticos
Texto: Marina Sousa
A esporotricose causada por fungos do gênero Sporothrix é uma micose subcutânea com potencial zoonótico, ou seja, pode ser transmitida entre animais e humanos. Apesar de haver tratamento disponível, a doença ainda apresenta desafios significativos para diagnóstico e controle. No Brasil, as espécies patogênicas mais frequentes são Sporothrix schenckii sensu stricto, S. brasiliensis e S. globosa. A micose afeta principalmente gatos, mas seres humanos também podem ser infectados, o que torna essencial o avanço no diagnóstico para beneficiar tanto a saúde animal quanto a saúde pública.
Com o objetivo de padronizar e aprimorar técnicas moleculares na micologia, o professor Thales Domingos Arantes, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), lidera uma pesquisa que utiliza técnicas como a PCR, técnica de diagnóstico molecular sensível e específica, para identificar espécies de Sporothrix circulantes e investigar novos marcadores moleculares para o diagnóstico. O estudo também busca avaliar e testar novos compostos terapêuticos para o tratamento da doença.
Avanços em Goiânia
Em Goiânia, informações epidemiológicas sobre a esporotricose ainda são limitadas. Entretanto, a partir de 2021, casos começaram a ser identificados em felinos atendidos em clínicas veterinárias privadas, com relatos enviados ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Para apoiar o diagnóstico, o Laboratório de Micologia (LabMicol/IPTSP), onde o professor Thales atua, iniciou uma colaboração com o CCZ em 2022. Desde então, foi registrado aumento do número de casos de esporotricose humana e animal em Goiânia.
Como a doença é transmitida
A esporotricose é frequentemente transmitida por arranhões, mordidas ou manuseio de gatos infectados. Outra via de infecção é por contato com material vegetal contaminado com os fungos, principalmente ao se arranhar nesse tipo de material. O diagnóstico laboratorial é realizado principalmente por cultivo de amostras biológicas, como biópsias, secreções ou linfonodos. No entanto, o processo ainda enfrenta limitações devido à necessidade de métodos mais precisos e rápidos.
Nos humanos, o tratamento da esporotricose tende a ser prolongado e frequentemente acompanhado de efeitos colaterais, devido à baixa especificidade das drogas disponíveis. Nos animais, sobretudo em gatos, o desafio é ainda maior: a administração oral de medicamentos é dificultada, o que, combinado ao risco de infecção para os tutores e à baixa adesão ao tratamento, eleva as taxas de recidiva. Como parte de uma iniciativa educativa, folders informativos, elaborados pelo pesquisador sobre a esporotricose foram distribuídos em diversos pontos da cidade e da UFG. Esses materiais esclarecem dúvidas, combatem preconceitos relacionados à doença e buscam reduzir o abandono de animais infectados. Se o seu animal apresentar sinais de esporotricose, procure imediatamente um médico veterinário para exames e orientações sobre o manejo e tratamento adequado. Em caso de sintomas em humanos, dirija-se à unidade de saúde mais próxima para avaliação. O diagnóstico e tratamento de casos humanos estão disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Perspectivas Futuras
Diante desses desafios, a busca por alternativas terapêuticas é crucial. Compostos bioativos naturais e a identificação de novos alvos terapêuticos estão entre as estratégias promissoras para combater a doença. Estudos como os conduzidos pelo professor Thales são fundamentais para desenvolver tratamentos mais eficazes, reduzir os efeitos colaterais e melhorar o manejo da esporotricose em humanos e animais. O projeto conta com o fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg) e apoio da Prefeitura Municipal de Goiânia por meio do Centro de Controle de Zoonoses.
Baixe aqui: Folder educativo sobre esporotricose
Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP
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