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O Papel do NB3 na Sustentabilidade e os Desafios da Saúde: Discussões no 21º Seminário do IPTSP

Em 22/11/24 15:21. Atualizada em 25/11/24 08:31.

Confira como foi o primeiro painel de discussão do evento com os pesquisadores Edison Durigon e Carsten Wrenger 

Texto: Marina Sousa
Fotos: Gustavo Felizardo

O 21º Seminário do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) começou com um painel de grande relevância científica e social: O Papel do NB3 na Sustentabilidade e Desafios da Saúde. O evento contou com a presença de renomados especialistas, incluindo os professores Dr. Edison Durigon e Dr. Carsten Wrenger, da Universidade de São Paulo (USP), além das professoras do IPTSP, Ana Paula Junqueira-Kipnis e Simone Fonseca, e do diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Cláudio Leles.

O painel abordou a importância dos laboratórios de biossegurança de nível 3 (NB3) e as lições aprendidas durante a pandemia de COVID-19, trazendo reflexões sobre a infraestrutura necessária e os desafios de formação e capacitação de profissionais, já que em breve o Centro Multiusuário de Pesquisa de Bioinsumos e Tecnologias em Saúde (Cmbiotecs) do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), vai abrigar a estrutura do Laboratório Multiusuário com Ambiente Controlado de Nível de Biossegurança 3 (NB3). A implantação do primeiro laboratório NB3 do centro-oeste contou com recursos da Finep e de um convênio com a Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPEG) no valor de R$3,9 milhões.

Dr. Edison Durigon: "A pandemia evidenciou nossa dependência científica"

O Dr. Edison Durigon destacou que o tema da biossegurança, com foco nos laboratórios NB3, ganhou visibilidade no Brasil durante a pandemia. Ele lembrou que, antes da crise sanitária, o país possuía poucos laboratórios em funcionamento, limitando a pesquisa com agentes de alta patogenicidade.

"Enquanto muitos países já tinham laboratórios NB3 há décadas, nós precisávamos enviar amostras para o exterior, o que atrasava nosso progresso científico", ressaltou.

professor Edson Durigon

Construir um laboratório NB3 não é algo trivial. É caro, mas não tão caro quanto outras despesas que o país enfrenta. É um investimento essencial para elevar o nível das pesquisas, destacou o pesquisador Dr. Edison Durigon da USP.

 

Ele também explicou os critérios para a classificação dos laboratórios de contenção biológica:

  • Nível 2 (NB2): Para agentes biológicos com tratamentos e vacinas disponíveis.
  • Nível 3 (NB3): Para agentes graves transmitidos por vias respiratórias ou outros meios, que requerem contenção rigorosa.
  • Nível 4 (NB4): Para patógenos extremamente perigosos, sem tratamentos ou vacinas.

Atualmente, o Brasil não possui laboratórios NB4, apesar dos esforços em andamento para construir um. "Existem mais de 70 laboratórios NB4 no mundo, mas nenhum no Brasil. Precisamos mudar isso", afirmou.

Durigon enfatizou a necessidade de investimentos robustos em infraestrutura e tecnologias como sistemas de pressão negativa, troca de ar 12 vezes por hora e filtros HEPA. Ele afirmou que, embora a construção de laboratórios NB3 seja cara, é um investimento essencial para garantir a autonomia científica e o avanço das pesquisas no país.

Dr. Carsten Wrenger: "A pandemia destacou nossas fragilidades e oportunidades"

O Dr. Carsten Wrenger apresentou sua experiência no uso de laboratórios NB3 durante a pandemia para conduzir pesquisas sobre doenças infecciosas. Ele destacou a importância de parcerias locais e internacionais para viabilizar estudos em comunidades e hospitais.

Dr. Carsten Wrenger
Dr. Carsten Wrenger da USP, contou que a experiência trouxe aprendizados valiosos, tanto no manejo de recursos quanto na implementação de protocolos de biossegurança e na execução de estudos colaborativos

 

Wrenger mencionou os desafios enfrentados, como a falta de espaços adequados para testes, a burocracia para registrar resultados científicos e a carência de profissionais treinados para lidar com agentes de alta patogenicidade. "A pandemia nos obrigou a reorganizar fluxos de trabalho e priorizar a colaboração. Isso trouxe maior eficiência e controle", explicou.

Ele também ressaltou a necessidade de registrar e documentar os avanços científicos para ampliar o impacto dos estudos realizados no Brasil e colaborar em escala global. "A experiência nos ensinou sobre resiliência, inovação e trabalho em equipe. Esses aprendizados são fundamentais para o futuro da ciência brasileira", concluiu.

Desafios e perspectivas para o futuro

O painel destacou a necessidade de ampliar a infraestrutura de biossegurança no Brasil, com mais laboratórios NB3 e NB4, além de capacitar profissionais em áreas como microbiologia, biologia molecular e genética. A formação de uma nova geração de cientistas e técnicos especializados é vista como um passo crucial para aumentar a capacidade do país de responder a emergências de saúde pública e desenvolver soluções inovadoras.

Além disso, a discussão reforçou a importância de integrar a biossegurança aos debates sobre sustentabilidade e saúde pública, garantindo que investimentos em ciência sejam reconhecidos como prioritários para o desenvolvimento do Brasil.

Integrantes da mesa com a direção do IPTPS

Integrantes do painel com a direção do IPTSP


Confira algumas fotos do encontro:

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Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP

Categorias: Notícias 21° Seminário de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP)