Brasil lidera avanços no combate à tuberculose com foco em novas vacinas
Integrantes da Rede Goiana de Pesquisa em Tuberculose, coordenada pela Profa. Ana Paula Kipnis participaram do 7º Fórum Global sobre Vacinas contra a Tuberculose
Texto: Marina Sousa
O Brasil consolida sua posição de destaque na luta contra a tuberculose ao sediar, pela primeira vez, o 7º Fórum Global sobre Vacinas contra a Tuberculose. Realizado em outubro, no Rio de Janeiro, o evento foi promovido pelo Ministério da Saúde (SVSA/DHATI/CGTM), em parceria com a REDE-TB e com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde carioca. A iniciativa reflete os avanços globais no desenvolvimento de vacinas e reforça o papel do país na pesquisa e inovação para erradicar uma doença que ainda causa mais de um milhão de mortes anuais em todo o mundo.
A professora Ana Paula Junqueira-Kipnis, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, marcou presença no evento como representante da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (REDE-TB) e coordenadora da Rede Goiana de Pesquisa em Tuberculose e Micobacterioses (RGPTB/UFG). Durante o encontro, ela apresentou um estudo que destaca os avanços no desenvolvimento de novas vacinas contra a tuberculose e o papel do Brasil na estratégia global de erradicação da doença. O trabalho foi publicado na prestigiada revista Journal of Microbes and their Vectors Causing Human Infections, periódico das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (Vol. 119, 2024). Além disso, os estudantes de Biotecnologia Arthur Alves Coelho e Gabriel Bastos Costa também participaram do evento, apresentando pôsteres de pesquisa sobre vacinas contra a tuberculose desenvolvidas pelo grupo RGPTB/UFG, sob a coordenação do professor André Kipnis.
Avanços contra a TB
Um dos principais avanços do estudo está na vacina experimental M72/AS01E, que apresentou eficácia de 49,7% na prevenção de tuberculose pulmonar ativa, ou seja, reduz pela metade o risco de uma pessoa desenvolver tuberculose em comparação com aqueles que não foram vacinados. Embora, não seja uma eficácia total, é um passo significativo em direção ao controle da doença, e seus estudos encontram-se na fase 2B, ou seja iniciam-se os estudos sobre eficácia e segurança da vacina, explica a professora Ana Paula Junqueira-Kipnis.
Outro ponto importante da pesquisa é a capacidade de evitar o desenvolvimento da doença de modo ativo, pois a TB não só afeta a saúde do indivíduo, mas também representa um risco de transmissão para outras pessoas. Portanto, vacinas que podem prevenir a progressão da infecção latente para a forma ativa são altamente desejáveis.
O artigo também mostra que diferentes tecnologias têm sido empregadas no estudo para o desenvolvimento de vacinas, que tem contado com diversos candidatos, e ainda diferentes plataformas: como vacinas de subunidade proteica, vacinas de vetor viral, vacinas de DNA, entre outras, para ver qual apresenta a melhor resposta. Os candidatos a vacinas também estão em diferentes fases de desenvolvimento da TB, desde pré-clínicas até ensaios clínicos de fase três (3). Isso significa que há um mapa ativo de vacinas em desenvolvimento, aumentando as chances de encontrar uma vacina eficaz.
Estratégias
Durante o 7º Fórum Global sobre Vacinas contra a Tuberculose o Brasil mostrou desempenhar um papel essencial, não apenas no desenvolvimento de vacinas, mas também na condução de ensaios clínicos em populações vulneráveis, como pessoas privadas de liberdade, que enfrentam altas taxas de incidência da doença. Instituições renomadas como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Butantan e a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Rede Goiana de Pesquisa em Tuberculose estão na linha de frente dessas iniciativas, em parceria com organismos internacionais.
“O apoio do Ministério da Saúde e de agências como o CNPq tem sido fundamental para superar desafios éticos, logísticos e financeiros”, conta a pesquisadora. Apesar de obstáculos como os altos custos de desenvolvimento, que podem ultrapassar 500 milhões de dólares, o compromisso com a acessibilidade e a equidade no acesso às vacinas é uma prioridade.
Com os esforços em curso, espera-se não apenas reduzir a mortalidade e a transmissão da TB, mas também fortalecer sistemas de saúde e promover avanços científicos que beneficiem outras áreas da saúde pública. As ações estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com a meta de acabar com a tuberculose como epidemia até 2030. Esses avanços reafirmam o Brasil como um ator global na luta contra a tuberculose, promovendo ciência, inovação e um compromisso ético com a saúde de populações vulneráveis.
Além da UFG, a pesquisa conta com a cooperação das seguintes instituições: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); Fiocruz do Mato Grosso do Sul; Yale School of Public Health, New Haven (USA); Instituto Adolfo Lutz - Núcleo de Tuberculose e Micobacterioses; Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz, Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos (RJ);8 Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (SP) e Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (REDE TB) - Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP
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