Filariose Linfática no Brasil Avanços e Desafios Rumo à Eliminação

Filariose Linfática no Brasil: Avanços e Desafios Rumo à Eliminação

Em 25/07/24 13:53. Atualizada em 25/07/24 14:33.

O III Seminário de Acompanhamento de Projetos (SAP) reuniu pesquisadores visitantes e alunos para discutirem ciência 

Texto e foto: Marina Sousa

O professor  da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) e parasitologista, Dr. Gilberto Fontes visitou o Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública na segunda quinzena de junho e apresentou a palestra "Filariose Linfática no Brasil: da Descoberta à Eliminação da Transmissão". Referência na área e com 30 anos de estudos sobre a doença, Dr. Fontes compartilhou dados de sua pesquisa enviados ao governo federal e à Organização Mundial da Saúde (OMS), visando obter o certificado de eliminação da transmissão da filariose no Brasil. As regiões endêmicas do país não registram casos de transmissão há pelo menos cinco anos.

professor e parasitologista Dr. Gilberto Fontes
Professor Dr. Gilberto Fontes mostra imagens de pacientes com linfedema e elefantíase na Amazônia na década de 40

 

A doença causada pelo verme Wuchereria bancrofti é conhecida como filariose linfática ou elefantíase e causa grande desconforto aos pacientes e pode ser responsável por incapacidades permanentes, pois sua manifestação clínica se dá por edemas, o acúmulo de líquido nos braços, pernas e bolsa escrotal. Segundo informações do Ministério da Saúde, a transmissão da Filariose Linfática se dá pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita. Após a penetração na pele, por meio da picada do mosquito, as larvas infectantes migram para a região dos linfonodos (gânglios), onde se desenvolvem até a fase adulta.

Microfilária de Wuchereria bancrofti (Foto: USP)

Microfilária de Wuchereria bancrofti (Foto: USP)

 

O Dr. Gilberto Fontes fez uma abordagem histórica sobre os estudos acerca da doença, que o levou a residir e conhecer diversos lugares no país, como  municípios pernambucanos como Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes e a região amazônica, onde se encontravam diversas áreas endêmicas e também sobre o tratamento dos pacientes com a Dietilcarbamazina (DEC). Com a voz embargada em diversos momentos, o professor emocionou-se por várias vezes enquanto lembrava da trajetória da pesquisa e dos desafios inerentes a ela, haja visto que a Filariose Linfática (Elefantíase) é uma doença parasitária crônica e que era muito comum nas regiões mais marginalizadas do país, e que só agora ela está em vias de eliminação no Brasil.

Dr. Gilberto Fontes fez uma abordagem histórica sobre os estudos acerca da doença
O Dr. Gilberto Fontes fez uma abordagem histórica sobre os estudos acerca da doença, seu tema de pesquisa há 30 anos

 

Outra contribuição foi a palestra do professor e pesquisador, da Fundação Oswaldo Cruz, no Amazonas, que abordou sobre os ônus e bônus que a escolha de se tornar um cientista pode representar. “A pesquisa é o doce diálogo com a natureza”, disse o professor que de maneira muito humorada relatou um pouco sobre sua trajetória como pesquisador tanto no Brasil e no exterior e sobre a rotina do jovem pesquisador que deve ser de muito comprometimento com o trabalho e também levado com muita responsabilidade, o que certamente fez os participantes refletirem sobre seus percursos pessoais de formação. 

Dr. Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda
Dr. Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, da Fundação Oswaldo Cruz, Amazonas, abordou a rotina do jovem pesquisador, destacando a importância de se manter sempre atento à natureza, uma qualidade essencial para um bom cientista.

 

O professor Lacerda também atua na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (AM), sendo considerada centro de referência nacional e mundial para o tratamento de enfermidades tropicais. Por conseguinte, as palestras somaram as atividades do  III Seminário de Acompanhamento de Projetos (SAP), disciplina coordenada pela professora do IPTSP, Samira Bührer, para os estudantes do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública (PPGMTSP), segundo Dr. Lacerda, que também ministra esse conteúdo, o SAP é um momento muito importante para a troca de experiências, pois os estudantes podem discorrer sobre o andamento de seus projetos, discutir metodologias com colegas e ouvirem opiniões. Também  participaram do III SAP, o docente Alverne Passos Barbosa, do Departamento de Biociências e Tecnologia (DEBIOTEC) - Parasitologia, e a professora aposentada,  Regina Maria Bringel Martins, ambos do IPTSP, e por fim o evento ainda contou com o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da UFG.

profesores Alverne e Samira
Professor Alverne Passos Barbosa e Samira Bührer durante o III SAP no IPTSP/UFG

 

Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP

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