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Terapia Comunitária Integrativa: SES-GO oferta oficina com a participação do IPTSP

On 06/13/24 10:33 . Updated at 06/13/24 10:40 .

A prática é realizada em todo o mundo, e conta com polo formador em Goiânia

Texto: Letícia Lourencetti


O Centro Estadual de Referência em Medicina Integrativa e Complementar da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (CREMIC/SES-GO) ofertou no primeiro semestre de 2024 a Oficina de Noções Básicas de Terapia Comunitária Integrativa. O projeto contou com a organização da Superintendência de Ações Integrais da Saúde (SPAIS/SES-GO) e com a participação de docentes e servidores tanto do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) quanto de outras unidades da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Com início no mês de abril e encerramento no último dia 6 de junho, a oficina teve o professor Mauro Elias Mendonça, do Departamento de Saúde Coletiva do IPTSP (DSC/IPTSP), como um dos terapeutas coordenadores. Além dele, a equipe também foi formada pelas terapeutas Sonilda Maria de Jesus e Roberta Gonçalves Bittar, do CREMIC.

EQUIPE DA tERAPIA INTEGRATIVA
A atividade contou com a participação de servidores do IPTSP e SIASS/UFG

 

De acordo com Roberta, o objetivo inicial da atividade era sensibilizar os servidores da atenção primária à saúde, apresentando as noções básicas de realização da TCI. Essa ideia, porém, foi expandida, fazendo com que a oficina atingisse diversos outros profissionais, pesquisadores e formadores da área da saúde. Alguns exemplos são a professora Patrícia de Sá Barros, do Departamento de Saúde Funcional (DSF/IPTSP), bem como Damaris Morais e Manuella Rodrigues Lima, integrantes do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS/UFG).

Caracterizada por ser uma oficina teórico vivencial, os participantes de diversas cidades de Goiás tiveram a oportunidade de participar de rodas de Terapia Comunitária Integrativa de forma presencial em Goiânia e, de forma remota, em diversos polos de formação no Brasil. A partir dessa metodologia, foram apresentadas a história, a estruturação da TCI e sua prática.

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A oficina contou com a participação de vários profissionais de saúde, tanto de Goiânia quanto do interior do Estado. (Foto: CREMIC)

 

A Terapia Comunitária Integrativa

Idealizada pelo pesquisador brasileiro Adalberto de Paula Barreto, a metodologia da TCI teve início na década de 1980, no estado do Ceará. O ponto de virada para sua criação foi o trabalho que seu irmão Airton Barreto realizava na Comunidade Quatro Varas, que integra a favela fortalezense Pirambu. Airton, realizava um trabalho muito voltado para os direitos humanos, na área da advocacia. Em contato direto com a população da comunidade, puderam perceber que as pessoas lidavam com sofrimentos que não poderiam ser curados com o uso de medicamentos. A partir de então, o professor Adalberto foi convidado a realizar trabalhos com aquela população.

O professor Mauro Elias Mendonça, do IPTSP, teve a oportunidade de conhecer Adalberto ainda na época do início dos trabalhos de Terapia Comunitária Integrativa. O docente destaca a importância do desenvolvimento e adesão da TCI, sendo ela uma metodologia nacional. “A maior parte das tecnologias e metodologias que nós usamos no campo da Saúde Mental são importadas. Já essa abordagem surgiu aqui mesmo, dessa  experiência entre a academia, o saber científico e o saber popular”, explica o professor.

A teoria da Terapia Comunitária Integrativa se baseia em cinco pilares básicos: o pensamento sistêmico, que busca avaliar de forma ampla os acontecimentos em suas perspectivas complexas e contextuais; a antropologia cultural, que atrela o ser humano diretamente à cultura em que se insere; a pedagogia de Paulo Freire, incentivando a abordagem humanística e a autonomia; a teoria da comunicação humana, que aborda a importância da  comunicação para boas relações pessoais e uma ordem social saudável; e, por fim, a resiliência, que define as experiências vividas como fonte não só de sofrimento, mas também de aprendizados e competência.

Para dar início à realização da roda de TCI, acontece a fase de escolha do tema. O tópico sugerido é apresentado por um dos participantes, com a coordenação do terapeuta comunitário, que ajuda os demais a entenderem como se relacionam com o assunto. Em seguida, o momento de fala é compartilhado com toda a roda, sendo que todos que já viveram ou estão vivendo algo parecido compartilham suas experiências de maneira resumida. “Eles dividem o que fizeram ou estão fazendo para ajudar a enfrentar e atravessar essa inquietação, esse problema. Fazemos, no final, um ritual de agregação e as pessoas, então, vão compartilhar o que estão levando dessa roda. O que aprenderam sobre si e sobre os outros, com suas próprias experiências e com os outros. Após isso, essa roda é fechada”, finaliza o professor Mauro.

Atualmente a Terapia Complementar Integrativa é uma das 29 Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) disponibilizadas pelo SUS. Institucionalizada pela  Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (PNPIC) e regulamentada pela Associação Brasileira de Terapia Comunitária,  e a prática de TCI é ensinada no CREMIC, em Goiânia.

*Letícia Lourencetti é bolsista de jornalismo no projeto IPTSP Comunica e é supervisionada pela jornalista Marina Sousa.

Source: Comissão de Comunicação IPTSP

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