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Docentes do IPTSP/UFG têm Projetos aprovados em Chamada Universal do MCTI e CNPq 2023

Em 28/05/24 11:44. Atualizada em 28/05/24 11:48.

Pesquisas abrangem imunologia, microbiologia e parasitologia, destacando-se pelo mérito, originalidade e relevância científica

Texto: Marina Sousa

Quatro docentes do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG) tiveram projetos de pesquisas aprovados pela Chamada Universal lançada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no ano de 2023, que tem o objetivo de de apoiar projetos de pesquisa em diversas área do conhecimento. 

Os trabalhos aprovados dos docentes do instituto estão incluídos em duas faixas de investimentos. Sendo, Faixa A - Grupos Emergentes: destinada a equipes de pesquisa que possuam, dentre seus membros, no mínimo, três doutores, sendo um deles o coordenador do projeto. E Faixa B - Grupos Consolidados: destinada a equipes de pesquisa que possuam, dentre seus membros, no mínimo, cinco doutores, de ao menos duas instituições distintas, sendo um deles o coordenador do projeto. Os projetos precisaram cumprir critérios como mérito, originalidade, adequação da metodologia proposta e relevância do projeto para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do País.

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Conheça os projetos: 

Os docentes contemplados pelo edital são vinculados ao Departamento de Biociências e Tecnologia (DEBIOTEC/IPTSP), sendo Helioswilton Sales de Campos e Simone Gonçalves da Fonseca, da Imunologia; Ludmila de Matos Baltazar , da Microbiologia e Éverton Kort Kamp Fernandes da Parasitologia. A seguir, há um breve relato sobre cada estudo.

O professor Helioswilton Sales de Campos, foi contemplado pela Faixa B e sua pesquisa trata sobre o “Desenvolvimento de uma vacina quimérica multiepítopo bivalente contra a infecção por rotavírus e norovírus (ChRNV22)”. Ele explica que a gastroenterite aguda (GA) é a terceira maior causa de morte infantil no mundo causada pelos principais microrganismos Rotavírus (RV) e o Norovírus (NV). Atualmente, duas vacinas anti-RV são usadas mundialmente com eficácia variando de alta a baixa, dependendo da região geográfica e condições socioeconômicas. Por outro lado, ainda não existem vacinas anti-NV licenciadas. “Dessa forma, estratégias que visem a redução de mortes associadas a GA (gastroenterite aguda)  devem ser prioritárias, especialmente em países como o nosso, onde o saneamento básico é precário. Portanto, esse projeto tem por objetivo desenvolver uma vacina multi-epítopos bivalente, que possa prevenir a ocorrência de GA grave associada a esses vírus e que possua eficácia global”, relata o pesquisador.

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Norovírus Foto: Divulgação/Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA

 

Já a pesquisa da docente Simone Gonçalves da Fonseca, estuda sobre o papel dos metabólitos na reativação do reservatório viral e na manutenção das células T de memória na infecção pelo vírus da imunodeficiência humana HIV-1.  “O maior desafio para encontrar uma cura para a infecção pelo HIV é lidar com um tipo específico de vírus que permanece escondido no corpo, mesmo quando as pessoas estão recebendo tratamento”, explica a professora. A pesquisa dela também foi contemplada pela faixa B.  Fonseca conta que recentemente, ela e sua equipe fizeram um estudo em que analisou o sangue de 62 pessoas vivendo com HIV, incluindo aquelas que ainda têm o vírus ativo, aquelas que estão respondendo bem ao tratamento, as que têm uma forma especial de resistência ao HIV e um grupo de pessoas saudáveis para comparação.

Ela explica que foi usado uma técnica chamada metabolômica para estudar as moléculas presentes no sangue. Essas moléculas são como os ingredientes do corpo e podem afetar como nosso sistema imunológico responde. E assim foi descoberto que as pessoas em diferentes estágios da infecção pelo HIV têm padrões diferentes de moléculas no sangue, algumas exclusivas de cada grupo. A professora concluiu sua explicação sugerindo que algumas moléculas identificadas na pesquisa podem desempenhar um papel importante no controle do vírus HIV. Ela expressou a esperança de que uma compreensão mais profunda de como essas moléculas funcionam poderia levar a novas abordagens para o tratamento e possível cura da infecção pelo HIV. Os próximos passos do estudo envolvem investigar como essas moléculas afetam as células do sistema imunológico em condições de laboratório, bem como explorar possíveis conexões com substâncias inflamatórias presentes no sangue.

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Partículas do HIV (azul claro) se replicando a partir de uma célula infectada (roxo). — Foto: NIAD

 

Os estudos da docente Ludmila de Matos Baltazar envolve pesquisar o efeito da privação de ferro na produção, liberação e conteúdo das vesículas extracelulares de Paracoccidioides spp. Segundo a pesquisadora, o fungo Paracoccidioides spp. causa a paracoccidioidomicose (PCM), a principal micose sistêmica no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, essa doença representa uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, crônicas e recorrentes no país. 

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O fungo Paracoccidioides é a causa da paracoccidioidomicose, uma micose sistêmica que ocorre em humanos. Renderização 3D. Foto: Freepik

 

Ela relata que as vesículas extracelulares (VEs) são estruturas envoltas por membrana liberadas pelas células para o espaço extracelular e, já foi demonstrado sua produção pelo fungo e que investigações profundas sobre sua constituição e funções são necessárias. A hipótese da proposta é que VEs (vesículas extracelulares), obtidas do fungo em privação de ferro, carregam informações que auxiliam a célula a sobreviver a fatores e ambientes estressantes. Ajudando, portanto, a compor informações sobre a participação das VEs como transportadores de informações entre as células e como auxiliadoras na subversão da imunidade nutricional. A escolha de Paracoccidioides spp. ocorre devido a importância desse fungo no Brasil. Com o resultado da pesquisa, Ludmila Baltazar espera gerar conhecimento para expandir o atual entendimento sobre o papel das VEs na relação Paracoccidioides spp.-hospedeiro. Além de contribuir para o estabelecimento de parcerias com outros grupos de pesquisa, formação de recursos humanos e aumento da qualidade de publicações científicas. A pesquisa dela foi contemplada pela faixa A.

E por fim, temos os estudos do professor Éverton Kort Kamp Fernandes, sobre  Bioinsumos inovadores para o controle biológico de carrapatos. De acordo com o docente, os carrapatos causam impacto à saúde humana e animal, e o controle é feito predominante com carrapaticidas químicos, no entanto, a resistência a esses produtos representa um desafio. “O fungos entomopatogênicos (FEPs) têm sido apontados como os agentes biológicos mais promissores para controle de carrapatos, mas ainda não há produto disponível no mercado brasileiro. A presente proposta, amparada nos conceitos de Saúde Única, Sustentabilidade e Biotecnologia, tem como objetivo, avançar no desenvolvimento de um bioproduto com FEPs para controle de carrapatos”, explica Fernandes. O estudo busca investigar várias etapas que incluem a resistência, resposta de carrapatos a infecção por FEPs, produção de  adjuvantes, utilizando diferentes polímeros, para avaliar se ocorre aumento da eficácia dos FEPs formulados e entre outros processos. “Espera-se desenvolver bioinsumos com FEPs que sejam eficazes no controle de carrapatos, além de avançar no conhecimento da relação carrapato-bioagente. Por fim, a execução também contribuirá na formação de recursos humanos”, finaliza o professor cuja pesquisa também foi contemplada pela faixa B. 

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Carrapato-estrela  — Foto: CDC/ Dr. Christopher Paddock/ James Gathany

 

Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP

Categorias: Notícias Departamento de Biociências e Tecnologia (DEBIOTEC/IPTSP)