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UFG estabelece parceria com a Universidade de Helsinki, na Finlândia

On 05/27/24 09:54 . Updated at 05/27/24 10:02 .

Aliança  que visa o intercâmbio de estudantes é coordenada pela Prof. ª Lilian Carneiro do Laboratório de Biotecnologia de Microorganismo  

Texto: Marina Sousa

A Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) estabeleceram uma parceria inovadora com o governo da Finlândia através do programa Team Knowledge Finland (TKF) da Universidade de Helsinki (UH), financiado pela Agência Nacional Finlandesa para a Educação (EDUFI). Esta colaboração é fruto do trabalho da professora Lilian Carneiro, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), que, em 2023, realizou uma licença de capacitação na área de microbiologia na Universidade de Helsinki, em parceria com a pesquisadora Päivi Tammela da Faculdade de Farmácia e Cristina Durante Cruz da UH. Durante esse período, a professora desenvolveu o projeto Combating Antimicrobial Resistance: Finland-Brazil Partnership for Education and Awareness - CARE-FIBRA (Combate à Resistência Antimicrobiana: Parceria Finlândia-Brasil para Educação e Conscientização), em colaboração com o pesquisador Jonas Byk da UFMA, fortalecendo a cooperação entre os institutos.

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CARE-FIBRA é uma iniciativa educacional conjunta da Finlândia (Universidade de Helsinque) e do Brasil (Universidade de Goiás e Universidade do Amazonas, financiada pela Agência Nacional Finlandesa para a Educação (EDUFI) dentro do programa Team knowledge Finland 


A docente explica que o projeto de pesquisa foi aprovado pelo edital do Team Knowledge Finland (TKF), que propõem estudar a resistência antimicrobiana (RAM), linha de pesquisa de Carneiro, visto que é uma ameaça global que requer uma abordagem colaborativa em toda a sociedade para evitar sua maior propagação e o desenvolvimento de novos mecanismos de resistência. A pesquisadora relata que o CARE-FIBRA é uma iniciativa educacional conjunta entre a Europa e a América Latina com o objetivo de disseminar conhecimento por meio de ações de conscientização sobre o uso e descarte adequado de antimicrobianos, adotando uma abordagem multidisciplinar tanto no Brasil quanto na Finlândia.

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A docente Lilian Carneiro (LBmic/IPTSP) realizou sua licença capacitação na Universidade de Helsinki, na área de microbiologia no ano de 2023, e de lá pra cá tem realizado inúmeras parcerias com pesquisadores brasileiros e finlandeses (Foto: Arquivo pessoal)

 

As atividades do projeto também incluem a mobilidade de pesquisadores, pós-graduandos e graduandos para a Universidade de Helsinki, onde os participantes terão a oportunidade de estudar conteúdos de biossegurança relacionados à prescrição, uso e descarte de medicamentos, além de analisar a situação geral da RAM. A colaboração prevê também a vinda de pesquisadores e estudantes da Universidade de Helsinki ao Brasil para ministrar palestras na UFG e na UFAM, bem como visitar comunidades emergenciais em Goiás, como o Quilombo de Aparecida de Goiânia, e uma comunidade indígena em Manaus, Amazonas, ambas incluídas no projeto. Ela relata ainda outra importante colaboração: “No mês de setembro eu vou receber um estudante australiano da UH que permanecerá aqui por três meses sob minha coordenação desenvolvendo parte do seu mestrado. Iremos coletar amostras de água do rio Meia Ponte (em Goiânia), e identificar por meio da tecnologia molecular metagenômica a Escherichia coli (E. coli),  bem como  caracterizar sua resistência a antimicrobianos. Ao voltar para a Finlândia ele vai continuar os experimentos por mais dois meses, para depois proceder a defesa de sua dissertação”, explica a professora, Lilian Carneiro.

Os territórios citados acima também foram escolhidos para realizar treinamentos sobre o uso correto e o descarte adequado de antimicrobianos. "Os brasileiros têm uma 'cultura regional' de descartar medicamentos no lixo comum e na água, como esgoto e leitos de rios. Embora essa prática contrarie as leis de proteção ambiental existentes, a falta de compreensão e de instruções adequadas impede mudanças comportamentais", explica Carneiro. "Para resolver o problema da RAM no Brasil, é essencial adotar uma abordagem multifacetada que inclua a melhoria das práticas de prevenção e controle de infecções, a redução do uso excessivo e indevido de antibióticos e a promoção da pesquisa e inovação no setor." Portanto, a parceria entre pesquisadores brasileiros e finlandeses consolidará uma linha de trabalho inédita entre os dois países, focada na educação sobre antimicrobianos e RAM”, relata a docente.

Enquanto isso na Finlândia

Atualmente, três discentes da UFG estão em mobilidade na Universidade de Helsinki, na Finlândia. São eles: Marcos Oliveira Cunha, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/UFG); Cecília Mendonça Garcia, discente do curso de Ciências Biológicas do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFG); e Vivian Alves, discente do curso de Biotecnologia (UFG). Todos são orientados pela professora Lilian Carneiro, que também coordena o Laboratório de Biotecnologia de Microorganismo (LBmic/IPTSP).

. Estudantes da UFG em mobilidade na Universidade de Helsinki
Estudantes da UFG em mobilidade na Universidade de Helsinki. Da direita para a esquerda,  Cecília Mendonça Garcia (ICB); Vivian Maria Alves Cordeiro (IPTSP) e Marcos Oliveira Cunha (PPGCS). (Foto: Arquivo pessoal)

 

A estudante Vivian  Maria Alves conta que o retorno da professora Lilian Carneiro, após o período de capacitação na Finlândia foi um divisor de águas. “Quando ela passou alguns meses na Finlândia, eu ingressei em seu laboratório (LBmic), e quando ela voltou com o projeto em mãos o CARE-FIBRA, agarrei a oportunidade de participar. Obrigada professora, sem você esse sonho não se tornaria realidade”, conta entusiasmada a estudante. Ela e Marcos Oliveira integram o grupo da professora Päivi Tammela, da Faculdade de Farmácia, vinculada à Divisão de Biociências Farmacêuticas, cuja pesquisa se concentra na descoberta de medicamentos antimicrobianos, abrangendo aspectos desde a validação inicial de alvos até estudos detalhados de caracterização de novas substâncias antimicrobianas. 

A  Dra. Päivi é chefe da Unidade de Biomedicina de Alto Rendimento do Instituto de Medicina Molecular da Finlândia, e trabalha em conjunto com a pesquisadora microbiologista brasileira Dra. Cristina Durante Cruz. “Estar perto da professora Päivi, que tem uma grande influência na área científica, e o apoio que a Cristina nos dá diariamente é realmente inspirador. É graças a elas que minha vida profissional certamente jamais será a mesma.”, relata a estudante.

 Quando perguntada  sobre sua colaboração científica, a biotecnologista, que está no 8º período do curso, explicou que está trabalhando no grupo Bioactivity Screening Group (BAS) , liderado por Päivi, e em colaboração direta com a  pesquisadora Dra. Polina Ilina. “Junto a ela, eu trabalho com Escherichia coli uropatogênica, que é o principal agente causador de infecções do trato urinário em homens e mulheres. Minha tarefa é desenvolver um protocolo de pesquisa para avaliar a adesão das bactérias ao epitélio da bexiga. Em palavras simples, eu cultivo células epiteliais da bexiga humana, infecto-as com bactérias e depois uso microscopia de fluorescência para avaliar quantas bactérias se aderem às células epiteliais. Quando estiver pronto, esse método será utilizado para descobrir novas moléculas terapêuticas que inibem a virulência bacteriana”, relata Vivian  Maria Alves. 

equipe da professora Päivi Tammela
Da esquerda para a direita, Päivi Tammela, coordenadora do grupo de pesquisa Bioactivity Screening de UH, e as pesquisadoras Polina Ilina, Vivian Alves e Cristina Durante Cruz. (Foto: Arquivo pessoal)

 

Adaptação tranquila 

A Finlândia é oficialmente bilíngue (finlandês e sueco), mas a maioria das pessoas fala inglês, especialmente na universidade, que é um ambiente internacional, como explica Vivian. “Então, em relação ao idioma, a adaptação foi tranquila, sem contar que a Cristina nos dá muito apoio em tudo que precisamos. A maior dificuldade tem sido a saudade de casa, da família, da namorada e dos amigos. No entanto, estar envolvida em um projeto tão interessante e receber apoio constante das minhas orientadoras tem sido reconfortante e motivador”. Sua permanência é facilitada pelo projeto, que inclui uma bolsa de estudos da Universidade de Helsinque que cobre despesas com alimentação, moradia e transporte, permitindo que a estudante se dedique integralmente às pesquisas e aproveite ao máximo a experiência. “Empolgada é pouco para descrever esse turbilhão de sentimentos! Minha dica para quem quer seguir um caminho parecido é: esteja sempre aberto a novas oportunidades e não tenha medo de sair da sua zona de conforto. Não espere atingir o nível ideal para conquistar coisas grandes, apenas tente! Aproveite todas as oportunidades de crescimento que surgirem, sem pensar duas vezes.” A estudante está na Universidade de Helsink desde o mês abril deste ano e já tem data marcada para seu retorno, que será no próximo mês. 

Combate à Resistência Antimicrobiana: Parceria Finlândia-Brasil para Educação e Conscientização
Reunião online dos pesquisadores com a docente Lilian Carneiro sobre o andamento do projeto.

 

A professora Lilian Carneiro conclui dizendo que, em 2025, a UFMA também enviará estudantes para participar da mobilidade, e que ela e o professor Jonas Byk irão palestrar na Universidade de Helsinque neste mesmo período.  “Além de estabelecermos contatos com demais pesquisadores e abrir mais portas para continuarmos com a mobilidade de pesquisadores e estudantes, todos os resultados obtidos pelos estudantes (UFG, UFAM e UH) serão publicados em conjunto entre os pesquisadores brasileiros e finlandeses”. conclui a docente. 



Source: Comissão de Comunicação IPTSP

Categories: Notícias Laboratório de Biotecnologia de Microorganismo (LBmic/IPTSP)