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Maio Antimanicomial: nomes e reivindicações da luta em Goiás

Em 15/05/24 14:00. Atualizada em 15/05/24 14:19.

Museu Memória da Saúde Mental em Goiás destaca a importância da desmistificação do sofrimento mental

Texto e arte: Letícia Lourencetti

 

A história da luta antimanicomial em Goiás é marcada por importantes nomes. Entre eles, está o de Deusdet do Carmo Martins. Sendo uma das fundadoras do Fórum Goiano de Saúde Mental, ela colaborou na estruturação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da capital Goiânia; dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); bem como de projetos para a implantação do Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (PAILI). Descrita como sensível diante das dores de quem atendia, Deusdet foi também uma líder articulada dentro e fora estado, defensora dos direitos dos usuários dos serviços de saúde mental, dos trabalhadores e do SUS.

 

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Deusdet Martins foi uma das principais figuras na luta pela Reforma Psiquiátrica e pelo fim da prática manicomial em Goiás (Foto: Arquivo / Museu Memória da Saúde Mental em Goiás)

 

Falecida em 2014, Deusdet Martins deixou uma série de escritos não publicados que, atualmente, estão sendo organizados em um dos livros da coleção sobre a História da Luta Antimanicomial em Goiás. A iniciativa é coordenada pelo professor Eduardo Sugizaki (PUC Goiás). O docente também está à frente do Grupo de Estudos e Pesquisa La Folie, projeto parceiro do Museu Memória da Saúde Mental (IPTSP/UFG), atualmente coordenado pela professora Larissa Arbués.

O Museu Memória da Saúde Mental em Goiás, é um projeto do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (NESC/IPTSP). Este ano, o grupo participa da organização do evento chamado Maio Antimanicomial, haja visto que, no Brasil, 18 de maio é marcado como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. A atividade também conta com o apoio da Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Goiás (AUSSM); o Fórum Goiano de Saúde Mental; o Coletivo Desencuca; o Sarau (R)existimos (FE/UFG); o Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Goiás (UEG); Sindsaúde Goiás; Centro de Referência da Juventude; assim como o apoio de mandatos da Assembléia Legislativa e Câmara Municipal de Goiânia.

 

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O projeto levanta a bandeira do fortalecimento da rede de cuidados à saúde mental (Foto: Arquivo / Museu Memória da Saúde Mental em Goiás)

 

Uma luta atual

A programação do Maio Antimanicomial é composta por pautas que retomam a importância dessa luta não somente como um acontecimento histórico, mas como uma problemática ainda percebida no cotidiano daqueles que trabalham ou fazem uso dos serviços de atendimento à saúde mental. Segundo Larissa Arbués, que também integra o Departamento de Saúde Coletiva do IPTSP (DSC/IPTSP), a retomada do investimento na rede de saúde mental territorial no SUS (conhecida como Rede de Atenção Psicossocial ou RAPS) é uma das reivindicações feitas. “Outro desafio é implementar aquilo que foi construído e deliberado no processo democrático da 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental, cuja última etapa aconteceu em 2023”, complementa a coordenadora do Museu.

Ainda de acordo com Larissa, a principal pauta levantada pela atividade é a desmistificação e o fim das barreiras criadas pelo preconceito diante das pessoas que vivem com sofrimento mental ou que fazem uso de drogas. “Alguns muros e instituições manicomiais foram desfeitos, mas o manicômio que existe ‘na cabeça’ e nas relações entre as pessoas é bem mais desafiador de extinguir”, comenta a docente “Um exemplo disso, é a persistência das Comunidades Terapêuticas como recurso à reclusão da pessoa que faz uso de drogas. Temos diversas evidências da sua ineficiência e dos riscos de violação aos direitos humanos nessas unidades, das quais muitas mais parecem cárceres”.

Também é válido ressaltar a luta pelo pleno acesso aos direitos sociais básicos (moradia, saúde, emprego e renda, cultura e segurança) por parte dos usuários da saúde mental: “Essa é, inclusive, a pauta transversal das atividades deste ano. Sem o exercício destes direitos, não há saúde mental possível” finaliza a professora Larissa.

Confira a programação dos próximos dias do Maio Antimanicomial:


Ato Público em Goiânia: 17 de maio (sexta-feira), às 8h30 - Paço Municipal

Audiência Pública - Assembléia Legislativa do Estado de Goiás (ALEGO)

Roda de Conversa com o Centro Pop: Direitos Sociais e Saúde Mental - Moradia e geração de renda: 22 de maio (quarta-feira), às 9h30 - Praça Universitária

Programa de Rádio SindSaúde: Formação Política para Defesa da RAPS

Encontro Artístico-cultural: 25 de maio (sábado), 8h-12h - Centro de Referência da Juventude de Goiânia

Memória da Saúde Mental em Goiás: Exposição da linha do tempo e artes na ALEGO

 

Para mais informações sobre o projeto Maio Antimanicomial, siga o perfil do Museu Memória da Saúde Mental em Goiás no Instagram.

 

 

*Letícia Lourencetti é bolsista de jornalismo no projeto IPTSP Comunica e é supervisionada pela jornalista Marina Sousa.

Fonte: Comissão de Comunicação do IPTSP

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