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IPTSP/UFG estabelece convênio com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

Em 06/05/24 14:41. Atualizada em 06/05/24 17:23.

Parceria visa o compartilhamento de saberes e experiências entre pesquisadores brasileiros e estadunidenses

Texto: Marina Sousa e Letícia Lourencetti

 

O Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), da Universidade Federal de Goiás (UFG), estabeleceu um convênio internacional com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture - USDA), que abriga em seu escopo o setor de Pesquisa de Bioproteção de Culturas (Crop Bioprotection Research - CBP). Este setor dedica-se a pesquisas para desenvolver novos produtos, processos e métodos de controle biológico de pragas, ervas daninhas, doenças de plantas e ameaças à saúde pública. O docente Éverton Kort Kamp Fernandes (DEBIOTEC/IPTSP) é o coordenador de contrapartida da UFG, atuando com o grupo de pesquisa sediado no Crop Bioprotection Research do USDA e chefiado pelo Dr. José Luis Ramírez, doutor em Microbiologia Molecular e Imunologia, na Johns Hopkins University.

Para o início do projeto, o primeiro contato se deu a partir do encontro dos professores em um congresso internacional da área de patologia de invertebrados, ocasião em que tiveram uma apresentação em comum. José Ramírez, que já trabalhava com mosquitos, inspirou o uso de suas técnicas também nos estudos de carrapatos, desenvolvidos pelo professor Éverton. “Nós conhecíamos os trabalhos um do outro, mas não nos conhecíamos pessoalmente. Ainda nesse evento nós acabamos conversando sobre a ideia de colaborarmos de alguma forma. Planejamos, então, um convênio ", conta o professor do IPTSP. “Algum tempo depois, essa parceria foi contemplada com uma bolsa CAPES, para o Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). Hoje, temos a Salorrane como nossa primeira pesquisadora enviada para os Estados Unidos a partir desse convênio”.

 

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Hoje atuando no USDA, Salorrane (Sol) começou a considerar a possibilidade de realizar parte de sua formação no exterior a partir do contato com a experiência de outros pesquisadores do LPI (Foto: Salorrane Miranda / Acervo Pessoal)

 

Ciência além das fronteiras

Salorrane Miranda do Nascimento Pinto é biotecnologista formada pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG (IPTSP/UFG), e integrante do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia (PPGCA/EVZ). Orientada pelo professor Éverton Fernandes, atualmente a pesquisadora realiza a etapa internacional de seu doutorado em modalidade sanduíche no Centro Nacional para Pesquisa de Utilização Agrícola (National Center for Agricultural Utilization Research) do USDA, nos Estados Unidos.

Diante da preocupação ambiental e do crescente relato de resistência de carrapatos aos convencionais acaricidas químicos, a pesquisa desenvolvida por Salorrane - ou Sol, como também é conhecida - objetiva a compreensão dos mecanismos de resposta dos parasitas diante de uma infecção por fungos entomopatogênicos. “Após uma triagem de isolados fúngicos, selecionamos os mais virulentos e estamos verificando a expressão gênica dos carrapatos Rhipicephalus sanguineus, conhecido como o carrapato do cão, quando infectados com os fungos. Esperamos verificar a modulação da expressão gênica nos próximos meses, identificar quais genes têm sua expressão aumentada ou suprimida durante a infecção fúngica em resposta ao agente invasor”, conta Sol.

 

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O estudo de Sol usa os métodos RNAseq e qPCR para a análise de transcritos, com foco em genes relacionados ao sistema imunológico do carrapato (Foto: Salorrane Miranda / Acervo Pessoal)

 

Tendo participado do Laboratório de Patologia de Invertebrados (LPI/IPTSP) desde que realizou iniciação científica, hoje Sol é supervisionada e atua no laboratório do professor José Ramirez, onde ficará até junho de 2024. A pesquisadora conta que o novo idioma ainda é o maior desafio em seu dia a dia, mas entende que tudo faz parte do processo de aprendizado. “Os primeiros meses foram os mais agitados, pois envolvem a mudança para um novo país, casa, cultura, rotina e pessoas. Mas acredito que tive uma boa adaptação, acho que foi um processo tranquilo, não tive problemas ou dificuldades que não puderam ser solucionadas” relata a discente.

 

Pesquisa pelo futuro

O Setor de Pesquisa de Bioproteção de Culturas procura oferecer alternativas verdes para o controle de pragas potencialmente prejudiciais à saúde pública e também à saúde rural. As linhas de pesquisa chefiadas pelo professor Ramírez envolvem interações moleculares multipartidas (simbiontes vetor-patógeno-microbiano); imunidade a insetos / patologia de insetos; descoberta de novos micróbios entomopatogênicos para controle de mosquitos/carrapatos e os patógenos que eles transmitem; metagenômica de sistemas vetores artrópodes e identificação de metabólitos 2ry derivados de micróbios para uso contra vetores de insetos.

O docente Éverton Kort Kamp Fernandes coordena, ao lado de Wolf Christian Luz (DEBIOTEC/UFG) o Laboratório de Patologia de Invertebrados e vem desenvolvendo pesquisas com fungos entomopatogênicos e invertebrados, com importância na saúde humana e animal. Ele explica que essa parceria é muito importante, uma vez que o convênio permitirá a consolidação das atividades de cooperação em pesquisa, em disciplinas dos Programas de Pós-Graduação do IPTSP, bem como o intercâmbio de docentes e discentes, principalmente por poder ampliar os novos caminhos para os Programas de Pós-Graduação do Instituto. “E tudo começou em uma conversa de congresso. Quando a gente fala de como é bom participar de eventos, fazer networking, esse é um exemplo muito claro e recente de como essas experiências podem render bons frutos” finaliza o professor.

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O contato entre os professores Éverton Fernandes e Luís Ramírez se alinharam à abertura de editais, proporcionando
à Sol a experiência de dez meses de pesquisa no USDA

 

 

*Letícia Lourencetti é bolsista de jornalismo no projeto IPTSP Comunica e é supervisionada pela jornalista Marina Sousa.

Fonte: Comissão de Comunicação do IPTSP

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