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Tesouros Micológicos do Cerrado: LabMicol do IPTSP/UFG descreve duas novas espécies de fungos

Em 29/04/24 11:24. Atualizada em 29/04/24 11:43.

Pesquisa é liderada pelo professor e doutor em Biologia de Fungos, Jadson Bezerra

Texto: Marina Sousa

O Laboratório de Micologia (LabMicol) do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG) faz uma importante contribuição para a ciência com a descoberta de duas novas espécies de fungos. Uma delas, Phaeoisaria goiasensis, recebe o nome do estado de Goiás como uma homenagem à região. Este fungo foi identificado a partir de uma placa de Petri com meio de cultura armazenada em uma geladeira no LabMicol, e publicada no ano passado. A segunda espécie, Thermoascus endophyticus, foi encontrada em ramos da planta medicinal do Cerrado, Brosimum gaudichaudii (Moraceae), popularmente conhecida como mama-cadela, inharé ou algodão-do-campo. O nome "endophyticus" refere-se ao estilo de vida do fungo, que é endófito, ou seja, vive em associação benéfica com as plantas, sem causar danos aparentes, e proporcionando benefícios contra danos bióticos e/ou abióticos. Thermoascus endophyticus foi coletada no arboreto da Escola de Agronomia da UFG, e publicada neste ano.

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Ambas as descobertas foram realizadas sob a coordenação do docente, Jadson Bezerra, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (PPGBRPH) e LabMicol do IPTSP, e fazem parte de dois projetos de pesquisa financiados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Fapeg (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás). Os estudos contam ainda com a participação de estudantes de graduação em Biotecnologia, Ciências Biológicas e Farmácia da UFG, além de mestrandos e doutorandos do PPGBRPH e do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). As amostras dos novos fungos estão depositadas na Coleção de Culturas - Micoteca URM do Departamento de Micologia do Centro de Biociências da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na coleção de trabalho "Coleção de Culturas de Fungos da UFG" (FCCUFG) do LabMicol e no Herbário da UFG, contribuindo para o crescimento dos acervos biológicos no Brasil.

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Contribuição científica 

Segundo o professor Jadson Bezerra, as recentes descobertas são de suma importância, uma vez que contribuem significativamente para a expansão do conhecimento sobre essas novas comunidades fúngicas e suas interações que permeiam praticamente todo o nosso ecossistema. A espécie do gênero Phaeoisaria, por exemplo, pertence a um gênero de fungos já conhecido há bastante tempo, e a pesquisa revelou que a nova espécie (Phaeoisaria goiasensis) se diferencia principalmente por apresentar estruturas morfológicas e dados de DNA que diferiram da  espécie mais próxima, Phaeoisaria annesophieae. “Para chegar a essa conclusão, nossa equipe realizou minuciosas comparações de sequências de DNA, que evidenciaram as diferenças entre a nova espécie e outras já descritas para o gênero”, explica o micologista, Jadson Bezerra.

Por outro lado, o impacto da descoberta da Thermoascus endophyticus é particularmente relevante, uma vez que os fungos endofíticos desempenham papéis cruciais nas funções fisiológicas e ecológicas das plantas. Eles auxiliam no crescimento das plantas, aumentando sua resistência às condições adversas, como temperaturas extremas, seca e salinidade, além de protegê-las contra insetos, patógenos e outros organismos. Além disso, essas novas espécies abrem caminho para estudos e aplicações promissoras em diversos campos, incluindo biotecnologia, agricultura, alimentação e entre outros. Ele adianta que em breve outras novas espécies de fungos do Cerrado também serão publicadas a partir de plantas e de amostras coletadas em cavernas, e que algumas delas vão homenagear personalidades importantes de Goiás. “Os fungos do Cerrado são um tesouro que necessitam ser descobertos para a compreensão de parte da diversidade micológica que está entre nós e que necessita de especialistas para o seu estudo; além disso, investigações sobre os potenciais biotecnológico e patogênico serão investigados”, ressalta o docente. 

A farmacêutica e mestranda PPGBRPH, Tatiane Mendonça da Silva participou dos estudos envolvendo descoberta do Thermoascus endophyticus, que foi resultados de seu  trabalho de iniciação científica com o professor Jadson. Ela relata que fazer parte da descoberta de uma nova espécie de fungo é incrível, ainda mais uma espécie isolada de uma planta endêmica do Cerrado como  a mama-cadela. “Eu sempre gosto de frisar que essa descoberta é apenas uma fração do que as espécies vegetais do nosso bioma podem revelar. Além disso, a preservação da flora do Cerrado é imprescindível para a identificação de novas espécies de fungos endofíticos e outros microorganismos, que, inclusive, podem vir a ter uma aplicação biotecnológica com potencial uso nas áreas da indústria e da saúde, por exemplo”, finaliza a pesquisadora Tatiane Mendonça da Silva. 

Os outros pesquisadores envolvidos nos estudos das descobertas das novas espécies de fungos são: Hildene Meneses e Silva, biomédica e técnica de laboratório do LabMicol, e Anthony Dias Cavalcanti, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos  da UFPE,  dedicaram-se a pesquisa sobre a Phaeoisaria goiasensis. Já Camila Oliveira dos Santos, estudante do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFG) integra a equipe de pesquisa sobre a Thermoascus endophyticus.

 



Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP

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