Ciência Lá e Cá: A jornada rumo à excelência Acadêmica Internacional

Texto: Marina Sousa

Arte: Mailson Diaz 

Em uma trajetória de determinação e busca incessante pelo conhecimento, Cândido Carvalho Rodrigues, ex-aluno do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), atualmente se encontra em terras estrangeiras, mais especificamente na Université du Québec à Montréal, no Canadá. Sua jornada acadêmica científica tem sido marcada por desafios superados e oportunidades aproveitadas ao máximo. Confira a seguir mais um Ciência Lá e Cá.

Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (PPGBRPH), Cândido Carvalho Rodrigues sempre teve o sonho de realizar estudos avançados no exterior, um desejo que cultivou desde os primeiros anos de graduação em Biologia. “Quando comecei minhas atividades científicas em 2017 sempre tínhamos discussões em conjunto no laboratório sobre a ciência, e várias vezes conversávamos sobre ser uma experiência gratificante e enriquecedora”. Ele complementa que conhecer metodologias e técnicas novas e formas diferentes de discutir ciência foi um fator muito importante para sua escolha, e que após o mestrado se viu muito ansioso para os próximos passos. 

A sua busca por uma vaga de doutorado o levou a explorar diversas oportunidades, até que uma chance única surgiu na reta final de seu mestrado, e diga-se de passagem cheia de emoção. Ele relata que em seu penúltimo dia de mestrado, o  seu orientador, o professor do IPTSP, Thiago Lopes Rocha enviou no grupo de whatsapp do laboratório uma vaga para um doutorado em Biologia, na sub área de toxicologia aquática. “No mesmo dia arrumei tudo para aplicar, porque era o que eu realmente queria desde o início. Foi tudo tão rápido, pois fui um dos últimos a enviar currículo. No outro dia já recebi uma resposta para ter uma reunião com o Maikel (da Université du Québec à Montréal) para ele me conhecer”. Daí em diante foi um período muito intenso, cheio de expectativas e preparação para a entrevista. “As 12:00 do dia seguinte recebi a mensagem de que fui aceito no laboratório, incrivelmente no mesmo dia que minha amiga Rafaela foi aceita na UNIFESP para uma das bolsas mais concorridas do país para um doutorado-sanduíche. Foi um dia incrível, e depois disso foram seis meses preparando a documentação para mudança”, relatou Cândido.

A oferta para um PhD em Biologia na área de toxicologia aquática no Canadá foi um ponto de virada na jornada acadêmica do mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro. Seu projeto de pesquisa é desenvolvido no Laboratório de Metalômica Ambiental, no Complexo de Ciências Pierre-Dansereau, e visa investigar o particionamento subcelular e modelagem da toxicidade de metais críticos para tecnologias emergentes. Esse tema é de extrema relevância em um contexto global de crescente utilização de metais raros na indústria, o que levanta preocupações sobre os potenciais impactos ambientais. Cândido pretende explorar a interação desses metais com organismos aquáticos e desenvolver modelos matemáticos para prever sua toxicidade e bioacumulação. “É uma oportunidade incrível. Vou aprender inúmeras coisas novas, e ter um trabalho impactante para o contexto atual de exploração de metais”, relata o pesquisador.

Nova rotina

Ao ser questionado sobre sua adaptação ao novo país e ambiente universitário, Cândido destaca a sorte de ter encontrado um excelente orientador e colegas acolhedores. Sua chegada foi facilitada pela hospitalidade de amigos e pela rápida aquisição de uma residência adequada. Além disso, recebeu apoio financeiro que proporcionou conforto e segurança nos primeiros meses. Ele conta que a adaptação a um novo idioma tem sido desafiadora. No entanto, ele destaca a gentileza e disposição das pessoas em ajudá-lo nesse processo, e está determinado a aprimorar suas habilidades linguísticas. Quanto ao aspecto financeiro, Cândido recebe uma bolsa de estudos que lhe proporciona estabilidade financeira durante seus estudos no exterior. Além disso, ele tem a oportunidade de concorrer a outras bolsas que podem aumentar sua renda e flexibilidade financeira. “Na universidade tenho um escritório para trabalhar com monitor e material de escritório novo, e tive muito conforto no primeiro mês com o auxílio que tive. Essa experiência é pessoal, pois foi uma atitude que meu orientador, Maikel Rosabal Rodriguez, teve comigo. A cidade é muito confortável e grande, o transporte público é excelente, e tem muita diversidade cultural e locais lindos para conhecer aqui”.

Ao compartilhar suas experiências e conselhos para outros que buscam oportunidades no exterior, Cândido enfatiza a importância de aproveitar ao máximo cada etapa da jornada acadêmica e científica. Ele ressalta que a preparação e o esforço dedicados durante seus anos na UFG foram fundamentais para sua conquista. Para aqueles que aspiram estudar ou realizar pesquisas no exterior, ele encoraja a persistência e a busca por oportunidades alinhadas com seus interesses e paixões. “Literalmente qualquer cientista da UFG tem o preparo para fazer algo no exterior. As universidades brasileiras preparam os alunos desde cedo para a vida científica, diferente da maioria das universidades do resto do mundo. É engraçado como os currículos de inúmeros colegas são incríveis, e tenho absoluta certeza que seriam super elogiados para onde fossem se quisessem fazer algo fora do Brasil”, finaliza.

O professor Thiago Lopes Rocha conta orgulhoso que a história de Cândido Carvalho Rodrigues é um testemunho inspirador de como a determinação, o esforço e a busca por oportunidades podem abrir portas para realizar sonhos e contribuir para o avanço do conhecimento científico em escala global. Com sua pesquisa e dedicação, ele representa não apenas um indivíduo realizando seu sonho, mas também um agente de mudança e progresso em sua área de estudo e na comunidade científica internacional.