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Egressa da 1° Turma de Biotecnologia da UFG conquista Prêmio Mulheres Inovadoras 2023 da Finep

Em 15/01/24 15:27. Atualizada em 19/01/24 20:16.

Empreendedora em Nanobiotecnologia Iara Mendes funda Startup Nanoterra e recebe reconhecimento Nacional com prêmio de R$ 100 mil

Texto e foto: Marina Sousa

Arte: Mailson Diaz


A egressa  da primeira turma de graduação em Biotecnologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Iara Mendes vive um momento dos sonhos. Sua startup em nanobiotecnologia chamada Nanoterra conquistou o 1° lugar do Mulheres Inovadoras 2023 - região Centro Oeste da Finep, o que acarretou ainda na conquista do prêmio máximo no valor de R$ 100 mil.

O Programa Mulheres Inovadoras está em sua 4° Edição e visa  estimular startups lideradas por mulheres, de forma a contribuir para o aumento da representatividade feminina no cenário empreendedor nacional. A fundadora da Nanoterra, Iara Mendes relata que está muito feliz com a conquista e que isso foi resultado de um trabalho muito duro, ela ressalta  que o projeto também foi finalista do Programa Centelha em Goiás, uma iniciativa da Fapeg e Finep que objetiva impulsionar projetos empreendedores.

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A convite do professor José Clecildo, docente do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG) e responsável pela disciplina de Gestão e Empreendedorismo em Biotecnologia, Iara Mendes participou de uma aula, onde compartilhou suas experiências e discutiu os desafios enfrentados no processo de criação da startup Nanoterra, proporcionando um valioso intercâmbio de ideias com os estudantes de graduação em Biotecnologia da UFG. 

“É importante ter em mente que tanto estudantes da graduação e  pós-graduação têm condições de abrir uma empresa e que é possível também ter sucesso. Só que tem que correr atrás e batalhar muito. O dinheiro é importante, mas o network também pode abrir muitas portas e fazer com que você seja reconhecido pelo seu trabalho”.

O professor José Clecildo explica que sua disciplina visa capacitar os estudantes para reconhecer demandas e nichos de negócios em biotecnologia, especialmente em busca de soluções para o meio ambiente e doenças infecciosas, o que ainda envolve estudos de casos e modelagem de bionegócios. “ Trazer a Iara aqui foi uma grande oportunidade para que os alunos da biotec pudessem conhecer o trabalho empreendedor de sucesso dela  e que de certo modo servisse de inspiração para os estudantes”. conclui o docente. 

Começo
A Nanoterra foi fundada no ano de 2022 e realiza pesquisas utilizando a nanotecnologia para o desenvolvimento e inovação em nanoinsumos para farmácias de manipulação , assim como às indústrias de higiene e cosméticos. Segundo K. Eric Drexler, engenheiro da década de 1980, a nanotecnologia pode conceber o design e a produção de estruturas, materiais e dispositivos a partir do controle da forma e do tamanho em escalas nanométricas, “ou seja, é uma tecnologia que se utiliza da escala nanométrica para desenvolver novos objetos que facilitarão a vida do ser humano no futuro”, e a Nanoterra abraça essa abordagem para moldar o futuro.

Neste contexto, a startup já manifesta essa visão inovadora por meio do seu produto, o nanoativo sérum intitulado Nanocúrcuma. Esse produto inovador tem como base a cúrcuma (Curcuma longa L.), também conhecida como açafrão-da-terra, uma planta medicinal com ampla utilização como especiaria. Sua riqueza em substâncias antioxidantes, antimicrobianas e corantes, notadamente a curcumina, confere-lhe versatilidade para aplicação nas indústrias cosmética, têxtil, medicinal e alimentícia.

Conforme destaca a biotecnologista da Nanoterra, o Nanocúrcuma atua como um ativo multifuncional para cosméticos, oferecendo propriedades antienvelhecimento, anticelulíticas e antiacne, sem manchar a pele. Assim, a empresa não apenas antecipa, mas já concretiza um futuro em que a nanotecnologia se traduz em soluções práticas e inovadoras para aprimorar a qualidade de vida.

Inovação e seus desafios 

O ano era 2017, quando Iara Mendes teve uma ideia que mudaria o curso de sua trajetória profissional. Ao assistir a um episódio do programa televisivo "Pequenas Empresas & Grandes Negócios", sua mãe chamou sua atenção para uma empresa paulista que se destacava na produção de cosméticos para cuidados com a pele de pessoas idosas. Esse momento se revelou como o ponto de partida para Iara mergulhar no estudo e na compreensão desse mercado, mesmo sem ter experiência prévia na indústria de cosméticos.

Ao refletir sobre a amplitude desse setor em constante inovação, Iara percebeu uma oportunidade promissora. Movida pelo desejo de contribuir com produtos diferenciados, começou a explorar possibilidades. Originária de Goiás, Iara incorporava o açafrão em sua alimentação diária, um ingrediente conhecido pelos benefícios de sua ação antimicrobiana, antioxidante e anti-inflamatória, frequentemente utilizado em remédios caseiros.

Foi nesse contexto que a ideia de utilizar a cúrcuma em produtos cosméticos surgiu. Iara explica: "Percebi que esse mercado era vasto e em constante busca por inovações. Pensei: 'O que posso oferecer nesse sentido?' Observando nossos hábitos de consumo e, sendo goiana, onde o uso do açafrão-terra é comum, tive a ideia de explorar suas propriedades”.

Ela explica que, na época, enfrentou o desafio central de encontrar uma maneira de atenuar a cor amarela  da cúrcuma na pele. “Iniciei esses estudos durante meu mestrado em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro da UFG, sob a orientação do professor André Corrêa Amaral. Durante esse período, desenvolvemos nanopartículas de quitosana, mas considerando  que sou vegetariana, eu tinha a necessidade de evitar polímeros de origem animal. No entanto, percebi que a técnica utilizada na produção dessas nanopartículas era inviável em termos industriais. Além de ser difícil de ser dimensionada, o consumo de energia era excessivamente alto”.

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Diante dessa complexidade, Iara conta que buscou alternativas para resolver esses obstáculos. Foi então que ela conheceu o professor Caio Pinho Fernandes durante o seu doutorado em Inovação Farmacêutica. “Juntos, começamos a desenvolver um ativo vegano, escalável e que utilizasse técnicas de baixo consumo energético, tornando o processo mais acessível e sustentável. Finalmente, conseguimos reunir todos os princípios que queríamos incorporar ao produto. Esse avanço nos permitiu chegar até aqui com um produto inovador”, finaliza.

 Além disso, vale destacar que o ativo desenvolvido possui diversas aplicações cosméticas, tornando mais produtos acessíveis a um público mais amplo. Essa trajetória exemplifica não apenas a busca por soluções desafiadoras, mas também o compromisso com a inovação e a sustentabilidade no campo da biotecnologia, conforme ressaltado pela biotecnologista.

 

Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP

Categorias: Notícias Ciência Lá e Cá IPTSP/UFG Biotecnologia