
Escuta Acolhedora: promove ação integrada com diversas instituições de ensino superior na luta contra a violência de gênero
Grupo de Pesquisa do IPTSP/UFG lidera iniciativa para promover conscientização e erradicação da violência de gênero, unindo diversas instituições de ensino superior em compromisso conjunto
Texto e foto: Marina Sousa
Garantir a proteção das vítimas de violência de gênero, assegurar uma abordagem adequada e fortalecer as habilidades da comunidades para a ampliação da conscientização sobre a violência sexual e das desigualdades de gênero são condições extremamente pertinentes no mundo atual. Infelizmente, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 30% das mulheres no mundo sofreram violência física e/ou sexual ao longo de suas vidas. Com o objetivo de efetivamente contribuir para mudanças positivas na percepção coletiva sobre o tema, o grupo de pesquisa e extensão liderado pela docente do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), Marta Rovery, lançou a campanha "Pacto pelo Fim da Violência de Gênero nas Instituições de Ensino Superior".
A ação resultou em um grande evento que conseguiu unir autoridades políticas e acadêmicas do estado e município para essa importante ação. O palco deste acontecimento foi no auditório do IPTSP, que no dia 11 de dezembro de 2023 contou com as presenças: da deputada federal, Adriana Accorsi; vereadora por Goiânia, Aava Santiago; Assessora técnica da subsecretaria de Vigilância e atenção integral à saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), Érica Lopes Costa; Superintendente da mulher da secretaria de Desenvolvimento Social de Goiás, Mariana Gidrão; Defensora Pública da Defensoria Estadual de Goiás, Tatiana Bronzato; Presidente da Comissão Permanente de Acompanhamento de Denúncias relacionadas a questões de assédio moral, sexual e todas as formas de preconceito e discriminação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Maria Meire de Carvalho Ferreira que neste ato representou a reitora da UFG, Angelita Pereira Lima e ainda da Diretora do IPTSP, Flávia Aparecida de Oliviera.

O grupo partiu da ideia de que para que a mudança de fato pudesse ser algo que causasse impacto, seria importante a participação não somente da UFG, mas também de parceiros que representassem outras instituições de ensino superior. Escuta Acolhedora, como também é conhecido o projeto, fez desta ação um compromisso coletivo na erradicação da violência de gênero nas Instituições de Ensino Superior (IES), inspirando os seguintes participantes: Centro Universitário Alves Faria (UniAlfa); Faculdade Senac de Goiás; Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO); Universidade Estadual de Goiás (UEG); Universidade Federal de Jataí (UFJ) e Universidade Federal de Catalão (UFCAT), que juntos em uma assinatura simbólica se comprometeram a proporcionar em suas instituições a promoção de ambientes seguros e igualitários para que de fato ações voltadas para mudanças estruturais fossem implantadas no combate à violência de gênero.

Durante a solenidade, a coordenadora do projeto de extensão, Marta Rovery, relatou sobre os grandes desafios que existem quando o assunto é o enfrentamento de violências de gênero. Ela explicou que, às vezes, nem a própria casa é um lugar seguro para a mulher e que o marcador racial mostra o quanto as mulheres negras do país sofrem com essa situação. “ É importante trazermos luz a essas discussões e também até em ficar mais atentos a possíveis casos de violência. E pensando em todo o projeto, o nosso grupo chegou à conclusão que primeiro seria importante começarmos esse debate em nossa instituição, pois essas situações não acontecem somente fora das universidades. Nós temos também que cuidar do nosso ambiente acadêmico tornando o seguro e também um lugar de escuta”.

A doutoranda do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública, Maressa Queiroz, pesquisadora do grupo e que também deu o pontapé inicial para o desenvolvimento do projeto explica que o propósito do Escuta Acolhedora, neste primeiro momento é atuar mediante a integração universidade-serviço-comunidade, cujo público alvo são os profissionais que atuam em ambientes que tem como local de trabalho, estabelecimentos de ensino, bares e restaurantes. E as atividades dividem-se em propostas pedagógicas tendo como norte o documento sobre a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, a Lei Maria da Penha e entre outros suportes, para assim poder contribuir de forma colaborativa com um protocolo operacional padrão que esteja e consonância com a rede local de atenção às pessoas em situação de violência, incluindo meninas, mulheres e população LBGTQIAP+ que frequentam esses espaços. A elaboração de protocolos padrão adaptados a esses estabelecimentos é outro passo importante, segundo a pesquisadora Queiroz, é preciso identificar os autores e locais onde acontecem esses casos. A proposta visa colaborar com esses profissionais para que eles possam desenvolver suas capacidades e que possam construir planos de maneira colaborativa e criativa a fim de resolver essas questões.
Contribuições da mesa diretiva
A vereadora Aava Santiago destacou a imperatividade de reduzir as desigualdades sociais e fortalecer a luta das mulheres, abordando práticas já em vigor e aquelas em vias de implementação. Érica Lopes Costa, assessora técnica da subsecretaria de Vigilância e Atenção Integral à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, discorreu sobre as estratégias em curso para atender vítimas de violência doméstica e de gênero, salientando a relevância dessa abordagem na saúde pública.
Mariana Gidrão, superintendente da mulher da Secretaria de Desenvolvimento Social de Goiás, enfatizou a implementação de políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres. Tatiana Bronzato, defensora pública da Defensoria Estadual de Goiás, abordou a importância de garantir que as vítimas compreendam o que constitui violência doméstica e/ou de gênero, enfatizando a necessidade de educação para buscar seus direitos legais.
A professora Tatiana Bronzato, presidente da comissão permanente de acompanhamento de denúncias na Universidade Federal de Goiás, representando a reitora Prof. Maria Meire de Carvalho Ferreira, abordou o combate ao assédio, violência e preconceito nos espaços acadêmicos. Por fim, Flávia Aparecida de Oliveira, diretora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), ressaltou a importância do projeto, enfatizando a necessidade de ações de escuta acolhedora para mitigar e erradicar a violência de gênero no ambiente acadêmico, não apenas na UFG, mas em todas as instituições de ensino superior.
Dada a grande envergadura, o projeto Escuta Acolhedora está promovendo uma campanha para ampliar a divulgação do protocolo, juntamente com materiais como banners e folders. Esses recursos foram distribuídos aos participantes durante o evento, visto que esses materiais de sensibilização para a prevenção de diversas formas de violência representam ferramentas de apoio crucial.
Reflexões e iniciativas para uma mudança significativa
Na segunda parte do evento aconteceu a mesa redonda “Cenário da Violência de Gênero no Ambiente Acadêmico” com a participação da pesquisadora da Vital Strategies, Sofia Reinach, que abordou sobre “ Violência Contra Mulher e Saúde: Dados para Políticas Públicas”, onde foi relatado dados da atuação da Vital Strategies Brasil que desenvolve um caso específico em Goiânia sobre o levantamento de dados utilizando o Sistema de Informações Hospitalares (SIH), o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), para estabelecer protocolos de ação e interromper a progressão dos eventos que frequentemente culminam em casos graves e, por vezes, fatais.
Outra importante contribuição foi da professora da Universidade Estadual Paulista, Lídia M. V. Possas, que discutiu sobre os “Desafios e Avanços no Enfrentamento da Violência de Gênero no Espaço Acadêmico”. A docente relatou sobre a crescente presença de mulheres nos espaços acadêmicos, ao mesmo tempo em que evidenciou a significativa ausência delas em posições de tomada de decisão. Essa lacuna, conforme destacou a palestrante, coloca tanto discentes quanto docentes em uma posição de vulnerabilidade, uma vez que as violências ocorrem sem lugares adequados de escuta e resolução, especialmente devido à predominância de homens como responsáveis por decisões e punições.
E para finalizar a discussão a docente e secretária de Inclusão (SIN/UFG), Luciana de Oliveira Dias trouxe à tona os desafios e avanços no enfrentamento da violência de gênero no ambiente acadêmico, destacando as iniciativas de inclusão já implementadas na UFG. Entre essas ações, merece destaque a política de cotas para mães nos programas de pós-graduação, uma medida que visa proporcionar condições equitativas para mulheres que são mães. No entanto, Luciana ressaltou vigorosamente que a inclusão não se limita ao ato do ingresso na universidade. Para ela, é essencial considerar o pertencimento do discente ou docente ingresso, destacando que a verdadeira inclusão implica em criar um ambiente onde cada indivíduo se sinta genuinamente acolhido e parte integrante da comunidade acadêmica.
Participaram ainda deste grande ato solene a Ouvidoria da mulher da câmara municipal de Goiânia;Liga de Medicina Legal da UFG; Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC/UFG) E Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da (PPGMTSP/UFG).
O projeto que visou a construção do Pacto pelo Fim da Violência de Gênero nas Instituições de Ensino Superior (IES) também conta com a importante participação das professoras, Fernanda Parreira da Faculdade de Educação Física e Dança (FEFD /UFG) e da doutoranda Maressa Queiroz do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública (PPGMTSP/IPTSP) e dentre outros parceiros.
Fonte: Comissão de Comunicação IPTSP
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