
Docentes do IPTSP se destacam em edital de pesquisa científica da Fapeg
Edital busca financiar projetos científicos com relevância e potencial inovador
Texto: Marina Sousa
Arte: Mailson Dias
Seis docentes do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) foram contemplados no Edital de Chamada Pública 03/2022 do Programa de Auxílio à Pesquisa Científica e Tecnológica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Essa conquista representa um reconhecimento significativo para os pesquisadores e reforça o compromisso da universidade com o avanço científico.
O edital visa financiar projetos de pesquisa que apresentem relevância científica, qualidade técnica e potencial para contribuir com o avanço do conhecimento e a solução de problemas científicos e tecnológicos. A chamada pública é aberta a pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior, institutos de pesquisa e empresas públicas ou privadas, desde que sediados no estado de Goiás, Brasil. Os professores do IPTSP que tiveram os seus trabalhos selecionados pelo edital foram José Clecildo Barreto Bezerra, Marcelle Figueira Marques da Silva Sales, Jadson Diogo Pereira Bezerra, Marina Pacheco Miguel, Ludmila de Matos Baltazar e Thales Domingos Arantes.
Pesquisas
Um dos projetos contemplados é coordenado pelo professor Jadson Diogo Pereira Bezerra, com o título "Fungos do Cerrado: Diversidade, Potencial contra Patógenos de Culturas Agrícolas e Influência de Fatores Relacionados às Mudanças Climáticas". Essa pesquisa, aprovada na categoria/faixa B. O objetivo do estudo é estimar a diversidade de fungos endofíticos e cavernícolas no Cerrado, além de avaliar seu potencial biotecnológico no controle de patógenos agronômicos e analisar o impacto das mudanças climáticas nesses organismos.
Outra pesquisadora premiada é a professora Ludmila de Matos Baltazar, com o projeto "Vesículas Extracelulares: Uma Nova Plataforma para o Estudo dos Mecanismos de Patogenicidade e das Interações P. brasiliensis-Hospedeiro". Enquadrado na faixa B, esse estudo visa compreender o papel das vesículas extracelulares na interação entre o fungo Paracoccidioides brasiliensis e o hospedeiro, no contexto de micose endêmica no Brasil. Ela explica que as Vesículas extracelulares (VEs) são estruturas envoltas por membrana liberadas pelas células para o espaço extracelular onde podem participar da comunicação celular. Estudos de sua produção e biologia no contexto dos fungos de importância médica, como o fungo Paracoccidioides brasiliensis, são recentes, existindo um hiato de informações a ser preenchido. P. brasiliensis é um dos agentes causadores da paracoccidioidomicose (PCM), micose endêmica no Brasil e importante problema de saúde pública nacional. Dada a importância desse fungo no Brasil e a necessidade de se entender a relevância da produção e secreção de VEs por esse fungo, o presente projeto se propõe a entender o papel das VEs na interação P. brasiliensis-hospedeiro, finaliza a professora.
O docente José Clecildo Barreto Bezerra lidera o projeto intitulado "Prospecção de Produtos de Ação Moluscicida após Triagem in Silico Associados a Estudos de Ambientes de Risco e da Metabolômica de Biomphalaria glabrata como Alternativa de Intervenção na Esquistossomose". Esse projeto, desenvolvido em parceria com outras instituições de pesquisa, aborda a busca por moluscicidas para combater a esquistossomose, doença transmitida pelo molusco Biomphalaria glabrata.José Clecildo Barreto explica que projeto é resultante de uma convergência entre os pesquisadores da UFG, Universidade Estadual de Goiás e IOC-FIOCRUZ do Rio de Janeiro nas áreas ambiental, parasitologia, bioinformática e metabolômica para o desenvolvimento tecnológico de produtos moluscicidas capazes de intervenções nas áreas de riscos aquáticos com presença de Biomphalaria, molusco hospedeiro intermediário do parasito da esquistossomose. A proposta alinhará as fases do desenvolvimento de novos produtos, que já foram alcançadas nas fases 1, prova de conceito, e 2, testes e prototipagem e propõe atingir as fases 3 (Design da molécula e modelagem de introdução do produto), 4 (Validação e testes) e 5 (Desenvolvimento).
Os projetos das professoras Marcelle Figueira Marques da Silva Sales e Marina Pacheco Miguel também foram selecionados no edital da Fapeg. O projeto da professora Marcelle Figueira Marques da Silva Sales, intitulado "Aspectos Moleculares e Evolutivos de Vírus Associados à Diarreia Neonatal em Bovinos de Goiás", aprovado via Faixa A, valor de 30 mi, busca pesquisar diferentes vírus associados à diarreia neonatal em bezerros, com o objetivo de contribuir para a prevenção de doenças e melhorar a saúde dos animais na região. Ela explica que pesquisar diferentes vírus associados a diarreia neonatal bovina em bezerros de diferentes localidades de Goiás, tendo em vista a importância da agropecuária na região e ao fato da mortalidade de bezerros neonatos poder chegar a 75%, caso o manejo não seja adequado. A vigilância ativa de vírus em bovinos é fundamental para evitar a propagação de doenças que possam ter impacto econômico, seja na morbidade associada, custos de tratamento e até morte dos animais, além da possibilidade desses vírus acometerem outros hospedeiros, como os humanos.
Já o projeto da professora Marina Pacheco Miguel, denominado "Inovação em Busca do Bem-Estar de Pacientes com Câncer de Mama: Efeito Anti-Tumorigênico de Nanopartículas de Lecitina e Quitosana Contendo Melatonina - Estudo In Vitro e em Modelo Murino", aprovado em categoria B, tem como foco o tratamento do câncer de mama. Segundo a docente, Marina Pacheco Miguel, o câncer de mama é altamente frequente em mulheres de todo mundo e é associado a altas taxas de mortalidade todo o ano. “Diversas formas de tratamento são disponíveis para o câncer de mama, como quimioterapia e radioterapia, porém muitas dessas são invasivas e trazem efeitos colaterais para os pacientes oncológicos. Nesse contexto, a melatonina, uma molécula com diversas funções, tem se mostrado promissora como adjuvante no tratamento do câncer, por estar associada ao controle de processos tumorais importantes, como metástase e angiogênese, além da diminuição do estresse oxidativo que é gerado no microambiente tumoral e melhorias de qualidade de vida, como melhora do sono e alívio dos quadros depressivos”, Ela complementa que Avaliar se o tratamento com nanopartículas de lecitina e quitosana carregadas com melatonina reduz o crescimento tumoral e atua em vias de estresse oxidativo, apoptose, ciclo celular, angiogênese e metástase em um modelo experimental de câncer de mama (in vitro/in vivo). Os resultados dessa proposta terão extremo impacto para o entendimento do tratamento com a melatonina nanoencapsulada e seu impacto em diferentes processos tumorigênicos importantes para a progressão tumoral, além de poder contribuir para melhor qualidade de vida e sobrevida do paciente.
Já o trabalho do professor Thales Domingos Arantes fala sobre "Diagnóstico, georreferenciamento e genotipagem de fungos do gênero Sporothrix associados a casos de esporotricose de perfil zoonótico no estado de Goiás. A esporotricose é uma micose causada pelo fungo Sporothrix schenckii, que pode afetar animais e humanos e acomete especialmente gatos. Segundo dados do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), o fungo causador da esporotricose geralmente habita o solo, palhas, vegetais e também madeiras, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. Animais contaminados, em especial os gatos, também transmitem a doença, por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada. O trabalho também aprovado pela Faixa A.
A vice-diretora do IPTSP, Megmar Carneiro ressalta que a conquista dos docentes no Edital do Programa de Auxílio à Pesquisa Científica e Tecnológica da Fapeg fortalece a produção científica e o desenvolvimento tecnológico no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, demonstrando o compromisso da instituição em promover avanços na área da pesquisa.
Source: Comissão de Comunicação IPTSP